Normal
ou anormal? Afinal, todos os dias, seja nas mídias sociais, seja nos meios de
comunicação, temos assaltos e assassinatos. Podemos discutir o número de
“presuntos” nos cadernos policiais, mas não os fatos. Os jornais da noite, de
nossas emissoras de televisão transformaram-se em “jornais policiais”, na briga
pela concorrência. E aí inicia a novela das sete e alguém manda matar outra
pessoa. Na novela das nove, vários assassinatos. A violência tornou-se normal
em nosso cotidiano. E ao final das reportagens, os apresentadores dizem que
falaram com as autoridades de segurança que, invariavelmente, declaram ter
rondas 24 horas naqueles lugares onde diariamente acontecem os crimes. Além dos
assassinatos motivados por desavenças no mundo das drogas – a maioria, agora
temos os assaltos cometidos no centro da cidade, em locais considerados nobres,
onde os moradores pagam os impostos mais altos. Essa massa de malfeitores,
empurrada pela falta de Educação, Cultura, Saúde e emprego vem, com sangue nos
olhos, tomar da classe média tudo aquilo que não tem mas quer ter, após
assistir na televisão artigos caros e bonitos. Esses desesperados, nervosos,
com armas alugadas, ao menor movimento da vítima, involuntário, disparam e
acabam com vidas. Ou então fazem reféns e exigem autoridades, familiares,
lanches, antes de se entregar.
Semana
passada, duas da tarde, atravessava o canal da Tamandaré. Minha atenção estava
no ônibus, à frente, que manobrava. Minha mulher gritou que íamos ser
assaltados. Apesar da chuva forte, naquele instante, dois homens chegavam pelo
lado do passageiro em uma moto. O da garupa, com a mão no cós da calça onde
estava uma arma. O que fazer? Entregar-me, evitando, possivelmente, violência?
Fugir? Sim. Infelizmente, sou dos que reage. Imprimi velocidade ao carro. Eles
ainda vieram ao meu encalço. Me senti como aqueles cowboys que dirigiam
diligências no Velho Oeste americano. Enfim, os caras desistiram. Como ficamos?
E se estivéssemos reféns e a polícia atirasse, absurdamente e fôssemos mortos
por “fogo amigo”? Racionalmente, buscamos saída para esse caos. Emocionalmente,
quero todos nas cadeias. E as autoridades com suas respostas vazias garantindo
que estão agindo? Penso se esses meliantes, quase sempre reincidentes, não são
monitorados. Os locais onde preferencialmente atacam. Como podem as autoridades
ser sempre surpreendidas com sua ação? Onde está a “Inteligência da Polícia”? Meu
carro não tem película nos vidros. Não tenho dinheiro para blindar meu automóvel.
A fazer isso, melhor seria andar com guarda costas e também estar armado. E aí,
voltamos ao Velho Oeste. Você, na mira de um bandido. Ele, alteradíssimo,
nervoso, a arma, apontada para sua cabeça, treme. Não é filme, televisão, vídeo
game. À menor ação, mesmo involuntária, ele apertará o gatilho. No susto. Isso
está acontecendo diariamente, como se todos participássemos de uma roleta
russa. Unidunitê, o escolhido foi você! Em qualquer rua da cidade, qualquer
horário, obedecer ou não aos sinais de trânsito? E mesmo que não pare, eles
estão de moto, circulando, livres, procurando uma vítima. Seja por desespero,
seja por auto confiança, não parecem ter medo de nada. Agridem para quebrar o
escudo mais íntimo da nossa segurança. Será que merecemos isso?
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