sexta-feira, 8 de maio de 2015

Unidunitê


Normal ou anormal? Afinal, todos os dias, seja nas mídias sociais, seja nos meios de comunicação, temos assaltos e assassinatos. Podemos discutir o número de “presuntos” nos cadernos policiais, mas não os fatos. Os jornais da noite, de nossas emissoras de televisão transformaram-se em “jornais policiais”, na briga pela concorrência. E aí inicia a novela das sete e alguém manda matar outra pessoa. Na novela das nove, vários assassinatos. A violência tornou-se normal em nosso cotidiano. E ao final das reportagens, os apresentadores dizem que falaram com as autoridades de segurança que, invariavelmente, declaram ter rondas 24 horas naqueles lugares onde diariamente acontecem os crimes. Além dos assassinatos motivados por desavenças no mundo das drogas – a maioria, agora temos os assaltos cometidos no centro da cidade, em locais considerados nobres, onde os moradores pagam os impostos mais altos. Essa massa de malfeitores, empurrada pela falta de Educação, Cultura, Saúde e emprego vem, com sangue nos olhos, tomar da classe média tudo aquilo que não tem mas quer ter, após assistir na televisão artigos caros e bonitos. Esses desesperados, nervosos, com armas alugadas, ao menor movimento da vítima, involuntário, disparam e acabam com vidas. Ou então fazem reféns e exigem autoridades, familiares, lanches, antes de se entregar.
Semana passada, duas da tarde, atravessava o canal da Tamandaré. Minha atenção estava no ônibus, à frente, que manobrava. Minha mulher gritou que íamos ser assaltados. Apesar da chuva forte, naquele instante, dois homens chegavam pelo lado do passageiro em uma moto. O da garupa, com a mão no cós da calça onde estava uma arma. O que fazer? Entregar-me, evitando, possivelmente, violência? Fugir? Sim. Infelizmente, sou dos que reage. Imprimi velocidade ao carro. Eles ainda vieram ao meu encalço. Me senti como aqueles cowboys que dirigiam diligências no Velho Oeste americano. Enfim, os caras desistiram. Como ficamos? E se estivéssemos reféns e a polícia atirasse, absurdamente e fôssemos mortos por “fogo amigo”? Racionalmente, buscamos saída para esse caos. Emocionalmente, quero todos nas cadeias. E as autoridades com suas respostas vazias garantindo que estão agindo? Penso se esses meliantes, quase sempre reincidentes, não são monitorados. Os locais onde preferencialmente atacam. Como podem as autoridades ser sempre surpreendidas com sua ação? Onde está a “Inteligência da Polícia”? Meu carro não tem película nos vidros. Não tenho dinheiro para blindar meu automóvel. A fazer isso, melhor seria andar com guarda costas e também estar armado. E aí, voltamos ao Velho Oeste. Você, na mira de um bandido. Ele, alteradíssimo, nervoso, a arma, apontada para sua cabeça, treme. Não é filme, televisão, vídeo game. À menor ação, mesmo involuntária, ele apertará o gatilho. No susto. Isso está acontecendo diariamente, como se todos participássemos de uma roleta russa. Unidunitê, o escolhido foi você! Em qualquer rua da cidade, qualquer horário, obedecer ou não aos sinais de trânsito? E mesmo que não pare, eles estão de moto, circulando, livres, procurando uma vítima. Seja por desespero, seja por auto confiança, não parecem ter medo de nada. Agridem para quebrar o escudo mais íntimo da nossa segurança. Será que merecemos isso?

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