Lyon
é uma cidade linda, com uma parte antiga e muito bem conservada, incluindo
visita às ruínas romanas, como um anfiteatro e outra, moderna, com prédios bonitos,
avenidas largas e um povo tranquilo. Tive um dia de folga e depois entrei no
Quais de Polar, um festival gigantesco dedicado ao romance noir, com a presença
de alguns dos maiores romancistas, na área, do mundo. James Ellroy vem. Don
Wislow, também. Cito os dois por serem mais conhecidos no Brasil onde quase
todas as suas obras são vendidas. É mais trabalho duro. Autógrafos, mesas,
estas, com escritores do mundo inteiro e um público absurdamente interessado em
descobrir novidades, o que é meu caso. Vivo momentos de grande alegria. São
três romances traduzidos para o francês e muito bem recebidos. Os dois
primeiros saíram agora em versão “Livro de Bolso”, de ainda maior penetração
por conta do preço de capa. Semana que vem, conto mais.
sexta-feira, 27 de março de 2015
UM PARAENSE NA FRANÇA 2
Quando
estiverem lendo esta crônica, estarei a todo vapor trabalhando no Festival
Quais de Polar, aqui em Lyon, França. Em Paris, o Salon du Livre foi
maravilhoso, um lugar gigantesco, cheio de editoras francesas, mais alguns
países. Uma multidão esteve lá e não apenas olhando ou passeando, mas
comprando, saindo com sacolas cheias de livros. Os escritores brasileiros
fizeram bonito. Juca Ferreira, o Ministro da Cultura fez a abertura, juntamente
com a Ministra da França. No stand do Brasil, livros em português e em francês.
Muitos autores, como eu, tiveram suas obras esgotadas, ali. Trabalhamos muito,
todos os dias, desde o meio dia, até as sete da noite, dando autógrafos nos
stands de nossas editoras e participando de inúmeras mesas, debatendo temas
literários e da situação do nosso Brasil, quase sempre com a presença de um
escritor francês. Parece fácil, mas não é. Platéias com cinquenta, cem pessoas,
todas interessadas, curiosas, fazendo perguntas, ouvindo as respostas.
Encontrei muitos paraenses que moram na França e acorreram ao Salão para
comprar e matar as saudades, mas acima de tudo, levando seu carinho até nós. O
tempo, a concentração, a necessidade de ter respostas criativas e meramente a
exposição, me deixavam muito cansado à noite, mas enfim, com uma alegria
inédita de estar representando meu país, meu estado, minha cidade, em Paris. De
estar falando de meu trabalho e tendo ouvintes respeitosos, admiradores. Isso
não tem preço. Melhor ainda foi encontrar os escritores brasileiros. Ficamos
todos no Bedford Hotel, belíssimo, lugar onde Villa Lobos e o Imperador Dom
Pedro II moraram, sendo que o monarca, exilado, morreu ali. O encontro foi
maravilhoso. Conversamos, trocamos informações, rimos muito, nos conhecemos e
marcamos próximas reuniões. Depois, enquanto uns voltaram ao Brasil, outros
tomaram outras direções para falar de seus trabalhos. Peguei o TGV e vim para
Lyon, onde recebi, na Université Jean Moulin, o prêmio Cameleon, com meu livro
“Belém”(“Os Éguas” no Brasil), como o melhor livro brasileiro, traduzido para o
francês. A votação, maciçamente, foi dos estudantes, o que me deixou mais feliz,
por dedicar uma vida inteira de trabalhos aos jovens. Ainda mais orgulhoso por
ter concorrido com autores da força de Frei Beto, Adriana Lisboa e Milton
Hatoum, este último com seu “Órfãos do Eldorado”. Recebi o troféu, juntamente
com meu tradutor, Diniz Galhos. Respondi a perguntas dos estudantes e depois
participei de um coquetel, com uma banda formada por estudantes, tocando bossa
nova.
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