Na
época, fiquei chateado, mas agradeço à minha mãe por ter feito minha matrícula
em um curso de datilografia. Hoje, passo a maior parte do tempo em frente a um
monitor e teclado. Peguei as mudanças todas. Meu pai tinha uma portátil, Royal,
linda. Veio uma Lettera, grande e me divertia em travar suas teclas escrevendo
com rapidez superior ao movimento mecânico de imprimir as letras no papel. Não
lembro o que veio antes, mas houve uma Facit elétrica, com tecla de limpar
erros. Era lenta. A de esfera, IBM, maravilhosa. E então, avassalador, veio o
computador. As primeiras máquinas de datilografar surgiram na segunda metade do
século XIX, por Christopher Latham Sholes, juntamente com o teclado “Qwerty”,
que se impôs no mercado. Um longo caminho a partir da descoberta de Gutemberg.
Meu irmão resistiu até onde pôde. Rendeu-se. Meu pai, já depois dos 70, comprou
um computador e começou a aprender escrevendo suas crônicas. Muitas vezes me
ligou desesperado porque, de repente, tudo o que havia escrito sumia e no
lugar, um espaço em branco. É que ele, velocíssimo no teclado, acabou adquirindo
o vício de deixar o dedo mindinho tocando alguma parte. Na máquina de
datilografar, nenhum problema. No computador, era exatamente no lugar da tecla
que abria um novo documento, em branco, evidente. “Vou jogar essa pinoia fora,
dizia.
Tenho
algumas manias. Embora use um Mac, uso o programa Word, do Windows, para
escrever textos. Também tenho uma família de letras que uso sempre, no caso a
Letter Gothic 12. Coleciono algumas máquinas antigas. Tenho umas quatro, de
diferentes épocas, uma delas, presente uma grande amiga. Pertenceu a seu avô e
foi fabricada em Leicester, Inglaterra. Sim, elas funcionam, algumas muito bem,
outras, nem tanto. É curioso como minha letra foi diminuindo de tamanho e se
assemelhando a um texto impresso. E também com algumas linhas escrevendo, tanto
há dores na mão que empunha a caneta, como também impaciência por não conseguir
seguir o raciocínio. Para não perder a delícia da escrita à mão, mantenho uma
agenda com os compromissos, embora vários gadgets contenham agendas eletrônicas.
E a diferença de geração quanto ao uso dos dedos? As pequenas teclas do
smartphone, aperto com os dedos indicadores, com pouca velocidade. A garotada
usa os polegares, com grande rapidez. As mídias sociais trouxeram de volta a
escrita. As pessoas se comunicam. Infelizmente, há muitos erros gramaticais, de
concordância, perturbando as idéias. A Educação não evoluiu como os aparelhos.
No mais, saudades das minhas pretinhas..
Nenhum comentário:
Postar um comentário