O
Helder Bentes fez uma postagem muito interessante, provocando os escritores que
moram no Pará a uma reflexão a respeito da falta de interesse de
patrocinadores, falta de iniciativa, falta de mídia, falta de tudo com relação
à Literatura produzida aqui. Paulo Nunes e Alfredo Garcia já contra
argumentaram, mas gostaria de também expor minha opinião.
Helder
acha que devemos reagir contra essa passividade que aguarda uma movimentação do
Governo para que possamos publicar alguma coisa, mas acho que precisa saber que
há uma crise em todo o País, com graves problemas de Cultura e Educação. Há
poucos leitores, principalmente para literatura nacional. Isso, uma coisa.
Trazendo a situação aqui para o nosso Estado, para facilitar e diminuir a
discussão, gostaria de dizer que diante da ignorância de nosso povo, da falta
de investimento na Educação e Cultura, falta de interesse de uma grande cadeia
como a Saraiva, deixando apenas a Fox cuidar disso, já se faz muito. Mas
Cultura não se faz somente com iniciativa, vontade de brigar. É preciso
profissionalismo, o contrário de política de balcão. Está na Constituição a
obrigação do governo em investir na Cultura, dando toda a condição aos artistas
de leva-la ao povo e dando ao povo todas as condições para usufruir desta. Secretarias
de Cultura precisam funcionar de maneira profissional. Em um Pará deste
tamanho, precisa ter sub sedes. Precisa conhecer quais são seus escritores,
neste primeiro instante, sem pensar se este é melhor do que aquele. Precisa
tornar estes escritores, com obras publicadas, se tanto, conhecidos na região.
Precisa publicar editais para o lançamento de livros de novos escritores.
Precisa republicar livros importantes, fora de catálogo. Precisa fomentar a
criação e funcionamento de um mercado literário. Leva tempo? Sim. O estrago que
vem sendo feito há vinte anos é enorme. Mas é preciso fazer. Além das sub
sedes, há Belém, onde o processo se repetirá. Só então, promover uma Feira do
Livro, onde a festa do livro é a festa do autor local, a essa altura, ao menos,
com um frágil mas existente mercado local. Podem vir esses autores
nacionalmente famosos, para chamar público, mas também para dividir atenção com
os locais, que terão seus livros mostrados em grande stand e também farão
noites de autógrafo, palestras, enfim. Assim, Helder, em alguns anos, poderemos
considerar a existência de escritores paraenses, claro, os que moram aqui,
produzem aqui. A essa altura, uma cadeia como a Saraiva, que trabalha para
ganhar dinheiro, atenderá a pressão, vamos chamar assim, à procura por livros
de autores locais. O mercado existirá. Isso é Política Cultural, feita por
profissionais, técnicos, em prol dos escritores.
Tenho
doze livros lançados, a maior parte às minhas expensas, trocando a impressão
por propaganda na minha rádio e somente há alguns anos, tive a sorte de ser
lançado nacionalmente. Hoje, inicio uma carreira na França, já com dois livros
lançados, outros comprados, e também publiquei na Inglaterra, Peru e Mexico. Em
diversas outras situações, expus meu raciocínio, minhas idéias. Por isso não
concordo com o amigo Alfredo quando este participa, por exemplo, desta
vergonhosa Feira Amazônica, onde somente livreiros e autores convidados ganham,
estes, grandes plateias, afagos, almoços e jantares, indo embora felizes, enquanto
nós, escritores, no máximo, temos um stand deslocado, mal iluminado, triste. A
isso, me desculpem, me recuso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário