sexta-feira, 27 de abril de 2012

Meu Olímpia

Meu cinema preferido sempre foi o extinto Palácio. Mas claro que o Olímpia está em meu coração. Quantos de nós não passaram por grandes momentos assistindo a filmes inesquecíveis por ali? Quando garoto, o problema era conseguir entrar com carteira de estudante falsificada. Pronto, estou confessando um delito grave! Na época, não parecia. O negócio era conseguir ultrapassar o porteiro e entrar naquele útero, deixando para trás o mundo real, com seus carros e buzinas, para chegar ao sonho. Alguém escreveu que foi lá que passou "Romeu e Julieta", com Olívia de Havilland. Será que escrevi corretamente? Pensei que havia assistido no Palácio. Um filme marcante em minha vida. A descoberta do amor. A cena em que cantam "What is a youth, impetuous fire", é inesquecível. Aquela roda formada em torno do cantor enquanto Romeu e Julieta espiam e se olham por entre cabeças. E eu já estava apaixonado. Minha primeira namorada oficial tinha os cabelos como os de Olívia/Julieta.
Houve também, "A noite do espantalho", de Sérgio Ricardo, que nunca mais passou em nenhum lugar e trazia Alceu Valença. Não lembro bem do roteiro, mas era algo desafiador, misturando cordel com modernidade, cavalos com motos e a presença excelente de Alceu. Ganhou um festival de cinema, promovido por Eduardo Silva, trazendo a Belém famosos atores.
E houve "Woodstock". Vejam que aos 15, 16 anos, eu tinha, além da Tropicália no Brasil, Beatles, Stones, Janis, Jimi, King Crimson e agora Woodstock, o famoso festival. Assisti sete vezes, todos os dias da semana, no Olímpia. Mudou minha vida. Me proporcionou, em um momento chave, o contato com a beleza, a emoção, o talento, a genialidade e a paixão artística. Sei muito bem que cada um vive seu tempo, mas convenhamos, era muito legal naquela época.
Uma vez ou outra fui ao banheiro, para fazer um número 1. Talvez confunda com o Nazaré, mas havia pastilhas negras e brancas, em belo efeito. E sim, já fui ao Olímpia não para assistir ao filme, mas para namorar.
É preciso respeito pela casa. Se não fosse por tudo o que ele proporcionou, seria por nossas próprias emoções, nossa vida, diante da tela, hipnotizados pela beleza da atriz, de uma cena, o impacto dos diálogos, da vida jorrando em luz para nosso deleite.
Eu o homenageio com Pato Fu e "tempo amigo, seja legal, conto contigo, só me derrube no final"..

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