A poesia foi minha terceira expressão na área artística. Já havia escrito minha primeira peça de teatro e encenado também. Já havia me tornado letrista, com alguns poucos parceiros, sobretudo meu pai, com quem fiz o samba enredo "Cobra Norato - Pesadelo Amazônico", para o Império de Samba Quem São Eles. Mas vinha mexendo com alguns pequenos textos, até ler alguns livros de poetas cariocas, os chamados "poetas marginais", que muitas das vezes mimeografavam suas obras e as vendiam em bares da noite do Rio de Janeiro. Me identifiquei com eles. Autodidata no teatro, nas letras e agora na poesia. E os marginais cariocas passavam por cima das regras, das rimas, usavam palavras do dia a dia, gírias, palavrões, enfim, era exatamente aquilo que eu buscava. Reuni meus escritos e mostrei a meus amigos que concordaram. Saiu "Navio dos Cabeludos", com capa de Rosenildo Franco. Depois veio uma fita cassete com o que chamei de "áudio poemas". Nunca ouvi nada parecido. Depois veio "O Rei do Congo", e daí em diante, todos com capas do Janjo, meu irmão. Houve outra fita cassete, "Óleo - porque faz a língua passear no céu da boca" e também "Surfando na Multidão, e "Incêndio nos Cabelos". E então vieram as crônicas, romances, textos de teatro, contos e enfim, "O tempo do cabelo crescer", uma antologia, tipo "the best of", que lancei há um ou dois anos. Ao longo do tempo, em relação à poesia, posso dizer que o interesse, que já não era tão grande, caiu vertiginosamente. Sou frequentador de livrarias e dificilmente os encontro. E me pergunto se alguém, hoje, compraria um livro com poemas.
Sempre agi solitariamente. Não pertenço a grupos. Mesmo o Cuíra, grupo de teatro, nem chega a ser um grupo no que diz respeito a pessoas que estão sempre juntas, conversando e impedindo que outras entrem, emitindo conceitos sobre quem não faz. Na hora de lançar, alguns amigos ajudam, muito obrigado, mas me sinto só, na mesa, aguardando a chegada de alguém para comprar. Comprar? Poesia?
Resolvi reunir os poemas que vinha acumulando. Eles não chegam a fazer um conjunto harmonioso. Antes, juntava palavras interessantes e escrevia em um método muito pessoal, difícil de explicar aqui. Mas juntos, não como antes, apenas juntados, digamos, de alguma maneira, eles se harmonizam no estilo que desenvolvi. A maioria foi feita para os guardanapos do Roxy Bar. Um purista pularia de raiva. Poemas em guardanapos sujos? E daí? Meu estilo, feito um Dom Quixote, tinha a idéia de fazer o poeta, a poesia voltar a ter a mesma popularidade de antes. O poeta como artista pop, o poema como a música pop, em comunicação direta com o público, com os jovens.
O amigo Luiz Braga fez a foto. Meu irmão Janjo, a capa. Floriano Neto, a editoração eletrônica e João Carlos Santos, da Cartopack, imprimiu. Ainda não sei o que fazer. Se distribuo entre amigos ou se deixo alguns na Fox Vídeo para venda. Você compraria um livro com poemas?
4 comentários:
Sim, Edyr, é claro que eu compraria.
Como apaixonado pela poesia, a modalidade mais livre e atemporal da literatura, jamais deixei de comprar livros.
Acabei de voltar de Curitiba com um Nelson Ascher na bagagem, Poesia Alheia, para repor mais um emprestado fujão que não voltou pra casa.
Por coincidência hoje no Flanar 2 poemas foram postados, um de Emily Dickinson e outro de Gilka Machado.
Desculpe, mas me recuso a aceitar a morte da poesia.
Publique, venda, dê, mas continue fazendo, ok?
Um abraço.
PS: leia interessante poema de Ricardo Aleixo a respeito dos poetas no link
http://blogflanar.blogspot.com/2011/02/poesia-endovenosa.html#links
Obrigado, Scylla
Sim vizinho:eu compro livro com poemas; ainda mais com os seus poemas.Ponha à venda na Fox, seria ótimo encontrá-lo por lá.E continue a sua jornada de escritor: belo ofício este! Um abração.
Sim com certeza. Mas não os distribua entre seus amigos. Não por enquanto. Deixe que a fox faça seu papel intermediadora de revelação á arte . Saber escrever textos poéticos e dom de DEUS.
Cada um tem seu estilo. Se eu tivesse essa faculdade, optaria por gosto e claro, aos poemas livres. Acho os muito mais intrigantes e harmoniosos, esse jogo de palavras. As rimas deixam o texto muito previsível.
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