terça-feira, 29 de novembro de 2011

Mamãe eu quero ir a Cuba e quero voltar

Caetano cantou assim. Hoje está melhor. A revista Leal Moreira me pediu umas linhas e dicas sobre a música de Cuba, a partir do documentário Buena Vista Social Club. É por aí.

Como quase todo mundo, adorei assistir Buena Vista Social Club, o documentário sobre a música, os músicos e alguns lugares maravilhosos de Cuba. Logo na abertura, vem Compay Segundo com seu “Chan Chan” a nos amolecer a alma com seu gingado perfeito. As ruas, os prédios, os carros antigos, me lembrando de uma Belém da minha infância, o velho Bel Air onde eu, Jefferson e Wellington Brasil passeávamos, dirigido por Nelson Lima. As cúmbias, os merengues de Haroldo Caraciollo na Rádio Clube. Uma babá de meu irmão Janjo, cantando a plenos pulmões versões de boleros escandalosamente melodramáticos. Que coisa. Vem Caetano Veloso e nos ensina “Tu me acostumbraste”, de Frank Dominguez, que recentemente, soube ter sido tumulto, na época, por ser uma canção de amor feita por homem para homem. Depois que aqueles barbudos fantasiados de militares tomaram conta, ficaram apenas os ecos das big bands americanas que tocavam nos cassinos. Mas dos ecos surgiram bandas como Irakere, cantores e músicos como Compay, Ibrahim Ferrer, Omara Portuondo, porque é bom dizer, a Educação é muito boa. E não esqueçamos de Silvio Rodrigues, o autor de “Yolanda”, tão propagada por Chico, Bethânia. Em tempos de Google, tente ouvir Bola di Nieve, que tornou célebre “Drume Negrita”. E não esqueçamos de Paquito D’Rivera, que conseguiu sair da ilha e é um dos melhores saxofonistas do mundo, ele que era do Irakere, como Arturo Sandoval, que após longa luta, também conseguiu sair, já ganhou Grammy, gravou até erudito e é um trompetista fenomenal, além de Chucho Valdés, Grammy 2011, com o cd “Chucho Steps”, ao lado dos Afro Cuban Messengers, “Best Latin Jazz Album”. Ufa, esse Irakere, hein? Dos novos, sugiro Gonzalo Rubalcaba e Roberto Fonseca, este último com o cd “Zamazu”, pianista sensacional. E gosto do primeiro disco de Marina de la Riva, brasileira, filha de cubano, que gravou “Drume Negrita”. Há muitos outros bem jovens, inclusive flertando com hip hop, mas não cheguei a me empolgar. Comece com “Buena Vista Social Club”. Já é muito bom.

PARA OUVIR
1. Compay Segundo – Chan Chan
2. Ibrahim Ferrer – Dos Gardênias
3. Ibrahim e Omara Portuondo – Quizas Quizas
4. Silvio Rodrigues – Yolanda
5. Paquito D’Rivera – todo o cd “Mosaic”, com Caribbean Jazz Project
6. Arturo Sandoval – todo o cd “Danzón”
7. Chucho Valdés – todo o cd “Chucho Steps”
8. Gonzalo Rubalcaba – Besame Mucho
9. Marina de la Riva – Drume negrita
10. Roberto Fonseca – todo o cd “Zamazu

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