domingo, 16 de janeiro de 2011

Uma guerra perdida?

Todo ano passa parte das férias conosco uma menina que fez um dos filmes da série Tainá, como coadjuvante. Na época, devia ter seus cinco, seis anos, acho, mas agora já está com quatorze. Aconteceu com ela quase o mesmo que com Eunice, a Tainá. Foi encontrada na roça, passou por diversos testes e fez o filme. Como não eram atrizes, passaram por um treinamento específico para cada cena. Cinema é filmado aos pedaços. Não atores fazem muitos filmes. A produção, muito digna, além de cachê e outros cuidados, cuida de toda sua Educação até a Universidade. A sorte de Eunice é que encontrou em uma das produtoras, uma segunda mãe. Com todas as autorizações, claro, mora há vários anos em SP e está linda, inteligente e feliz. A outra menina, não encontrou uma alma salvadora. Voltou para sua casa, com melhorias feitas e como Eunice, custos com Educação totalmente pagos. Mas não foi suficiente, o que me leva a pensar até que ponto foi bom fazer o filme. Se não tivesse, continuaria no século 19 e viveria em sua comunidade. A menina tem problemas. Aos quatorze anos, vai passando de ano, mas não tem nem nenhum amadurecimento. É como se recusasse crescer. Em sua cabeça, penso, ela acha que ao deixar de ser a menininha índia que todos queriam afagar e mimar, será esquecida. Pior é perceber seu nível cultural, certamente devido aonde vive a família. Não sabe de nada, não tem respostas, não responde a nenhuma pergunta. Fala esse dialeto usado por um número cada vez maior de pessoas, até mesmo em Belém. Mas Justin Bibier, sabe quem é. A banda Calypso, também.
Por coincidência, estavam juntas a menina, de 14 anos e outra, de 7 anos, muito viva, vindo de uma dos municípios mais distantes do Pará, mas filha de pai prefeito e de mãe professora. Foi humilhante, ou seja, a escola, de Abaetetuba, que parece ser péssima e o habitat, cercada inclusive por ameaças claras de pedofilia, a deixam em absoluta desvantagem. A outra, morando distante, mas em uma boa escola (parece), mãe e pai de relativa Cultura, está pronta para seguir adiante. E se a menina do filme está em uma posição tão humilhante, mesmo tendo sua Educação paga no melhor colégio de sua cidade, imagine na Jamaica.. Quando leio que as estatísticas demonstram ser o Brasil um dos países em franco desenvolvimento, classes baixas ingressando na classe média, me pergunto se é verdade. O que vejo é o contrário. Um país, um estado em que Educação e Cultura não valem absolutamente nada, gerando cidadãos idiotas, burros, sem opinião, vivendo no século 19 e falando um dialeto absurdo. É uma guerra perdida? Garanto a vocês que é desestimulante corrigir a linguagem a cada duas palavras faladas, gerando inclusive um desconforto na criança, que já nem quer falar, pois não consegue se expressar em nossa Língua Portuguesa. E a ignorancia? E a burrice? Meu Deus.

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