segunda-feira, 20 de julho de 2009

40 anos de Woodstock

Olhar para trás. Confesso dificuldade. Meu passado, como diz Gil, está guardado num velho baú de prata, dentro de mim. De vez em quando vou lá, abro e me delicio. Mas sou desses que gosta das novidades. E no entanto, são 40 anos de Woodstock. A primeira lembrança que tenho de Jimi Hendrix, e guardo até hoje, é uma radiofoto UPI, onde ele está tocando guitarra com a língua. Na época, era um doido. Para mim, uma revolução. Quando o filme passou em Belém, creio que já devia ter passado um ano, pelo menos. Foi no Olímpia. Assisti sete vezes. A montagem, a turma chegando, brincando na lama, o John Sebastian dedicando música aos nenéms que haviam nascido. Roger Daltrey e seu microfone voando cantando See me Feel me. Sly and Family Stone e I want to take you higher. Higher! Joan Baez e seu discurso pacifista, o marido preso, por conta da guerra no Vietnã. Alvin Lee do Ten Years After. Jimi Hendrix. Tudo. O disco triplo. Depois, outro duplo. Jimi e as bases da fusão de rock, jazz, soul, instrumental. Está tudo lá. Aos poucos, fui lendo e sabendo o resto. As dúvidas financeiras até momentos antes dos artistas chegarem. Problemas com drogas, alimentação. Foi decretado estado de emergência. As estradas engarrafadas, pararam. Só entravam e saíam por helicoptero. Joni Mitchell, não conseguiu. Mas compôs o hino. Jimi e uma banda de amigos, que nunca se concretizou. Apresentou-se com enorme atraso. Mais de 70 por cento da audiência já havia se retirado e perdeu o momento mágico. Outros grandes estiveram lá mas problemas com editoras evitaram a divulgação no filme e disco. Janis cantou e mal. Creedence Clearwater Revival. The Band. Muitos outros. E ao longo dos anos, a participação total de Hendrix e de outros. Foram três dias e tudo mudou. Foi como uma celebração e ao mesmo tempo, o final do flower power. Ainda houve outros pequenos eventos, até mesmo a Ilha de Wight, na Inglaterra, mas já era outra coisa. Jimi morreu algum tempo depois. Curioso porque na guerra das editoras, os artistas de outras gravadoras tiveram permitidas a divulgação em imagem e na trilha de, digamos, músicas menos populares de seus discos, tipo, a última do lado B. Foi assim com Santana, por exemplo. E no entanto, mudou a vida da banda. O Ten Years After, banda de blues, decidiu encerrar a apresentação com um rock and roll, tipo jam session. Isso mudou tanto a vida da banda que ela acabou. Onde iam, depois, os pedidos eram de rock and roll e a banda era de blues. Enfim, tanta coisa a dizer. Lembro, naquela época, de estar ouvindo Mahavishnu Orchestra, de John McLaughlin, mais King Crimson e etc. Chegar nas lojas e perguntar por eles parecia um esquete humorístico. Eu tinha 15, 16, 17 anos, sei lá e o mundo era um imenso parque de diversões. Parece que foi ontem.

Um comentário:

RICARDO ARACATI disse...

Realmente foram tempos magicos, grandes musicos e grandes bandas de Rock!!!