Comecei
a ir aos nove anos, para ficar com meus avós, na Barata Ribeiro com Bolívar.
Depois, muitos outros endereços. Meu pai foi transmitir Santos x Milan. Noite
chuvosa. No dia seguinte, até notas de dinheiro estavam para secar. Mas andar
por Copacabana, sobretudo, era ouvir “éguas”, “maninha e “tu viste”, por
exemplo, em cada esquina. Paraense gostava e gosta de andar em bando. Assim,
levam consigo sua cidade, seu ambiente e amigos. Também são encontrados
assistindo peças de teatro. Não faltam. Menos aqui em Belém, onde nunca vão.
Quando vão à praia, as meninas logo são cercadas por meninos cariocas e a eles
concedem todos os mimos. Em segundos, adquirem um sotaque genuíno, verdadeiras
“garotas de Ipanema”. Tudo isso me fez escrever uma peça de teatro, “A Menina
do Rio Guamá”, que fez muito sucesso, nos anos 90. Há muitos “causos” a serem
contados. Como aquela família que frequentava os restaurantes mais caros, mas a
mãe sempre levava, em uma lata de leite Ninho, a farofa feita aqui, para no
devido momento, colocar no prato de seus filhotes. E aquela namorada que
terminou o namoro em outro restaurante? O namorado, já estava há mais tempo
veraneando. Ela chegou, foram jantar. Quando chegou o garçom, o namorado, já
enturmado, o chamou pelo nome e apresentou a namorada, dizendo que ela tinha
acabado de chegar de Belém e ainda não conhecia a cidade. Audácia! Paraenses
também não perdiam shows no Canecão. E como sempre andam em grupo, este era
sempre o mais ruidoso do local. Mas as meninas, todas com seu “pet namorado
carioca” e seu sotaque praiano, estavam bem colocadas. Nada de passeios a
Corcovado e Pão de Açucar. Brega, totalmente brega. Vão para os barzinhos, quem
sabe a Lapa, mas as mães todas também vão e ficam em mesa especial, de onde
podem vigiar as meninas, loucas para fugir com seus “pets”. Hoje, que as
viagens ficaram mais fáceis e passageiros viajam de calção, chinela de dedo e
camiseta, já são poucos os grupos de paraense em ação. Houve época de Fortaleza
e seu carnaval fora de época. Há muito que todos estão em Miami, com
apartamentos abertos somente durante a temporada, mesmo que nos EUA seja inverno.
Sim, vão todos em uma grande turma, locomovendo-se em vans enormes, de onde
saem em hordas para Outlets gigantescas. Compram desde assento de privada e
outras cafonices. Logo cedo, nos lobbys dos hotéis, fazem montinho, praguejando
contra esta ou aquela, que sempre está atrasada. Eles saem de Belém, do Brasil,
mas na verdade, não saem, entendem? Lembrei de tudo isso quando vi as fotos de
gente feliz em suas férias e nos réveillons no Rio de Janeiro.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
PARAENSES NA CIDADE MARAVILHOSA
O
Rio de Janeiro ainda é um sonho para os paraenses? Vi em várias colunas sociais
fotografias feitas em réveillons e na praia, claro, maior verão. Há uma parte
de Copacabana, logo no começo, onde famílias paraenses ainda têm apartamentos.
Era chique morar ali. A classe média, que passava as férias de julho em
Mosqueiro, transformando a ilha em uma Camelot, jogava-se para a Cidade
Maravilhosa nas férias de começo de ano. O Rio era e é um grande chamariz,
mesmo com as balas zunindo as cabeças e arrastões sejam mostrados nos jornais
da televisão. Os cariocas bem que tentam, convenhamos, mas não conseguem
destruir paisagem tão linda. Penso que muitos outros brasileiros, de outros
Estados, também amem a cidade. Uma vez, em Oriximiná, para a festa dos bois,
ouvi diálogo em mesa próxima, em um navio onde estavam os vips da região. Entre
outros bafos, a coisa de veranear na cidade. Lembrei de nós. Lembrei de mim.
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