sexta-feira, 20 de abril de 2018

MY PLEDGE OF LOVE

Foi após assistir a um vídeo no Facebook, mostrando várias pessoas na chamada Terceira Idade, dançando em coreografia, uma música chamada “My pledge of love”, que me deu vontade de escrever sobre aquela época aqui em Belém. Serve para os colegas de geração lembrarem e para os novos leitores, algo bem curioso. Final dos anos 60, primeiros da década de 70. Tinha uns 14 anos, sei lá. Estava de férias no Rio de Janeiro, alguém me levou a uma boate no Joá. Elevador com luz negra e todos dançando. De repente o dj tocou “Na Na Na Hey Hey Kiss Him Goodbye” com Steam e me conquistou. Corajosamente fui até a cabine e meu espanto foi encontrar Ademir, um dos lendários djs da época. Dias depois, fui ao Canecão para mais um dos “Bailes da Pesada”, promovido por outra lendária figura, Big Boy, que tinha programas demolidores na Rádio Mundial AM, sim, ainda nesse tempo. Como estava cedo, Big Boy disse ao microfone que mostraria o primeiro disco solo de John Lennon, que havia chegado com um piloto, amigo, que veio da Inglaterra. As coisas eram assim. E também tocou “Sex Machine”, com James Brown e outra do 100 Proof, com “Somebody’s. Trouxe tudo para Belém. E já tocava Joe Jeffrey com “My Pledge of Love”. O instrumental era curioso. Metais, violinos, guitarra fazendo ritmo e bateria acelerada. Não era rock. Era dançante. Eu frequentava uma “Pipoca” na boate da Assembléia Paraense onde tocava até “Whole lotta of love”, com Led Zeppelin. E naquele miolo da música, onde há apenas sons e a voz de Robert Plant, as luzes, principalmente a luz negra brilhava e todos dançavam. Claro, após algumas músicas, vinha a música romântica. Criávamos coragem e íamos até as mesas, onde estavam com as meninas com os pais e convidávamos para dançar. Sentir seu corpo, cheiro, respiração, a conversa, tudo isso era uma experiência inenarrável. E quando alguns, mais atirados, colavam o rosto, o mundo podia explodir que ninguém sentiria. O próximo som anunciando a era da discotheque foi de Harold Melvin and the Blue Notes, que se apresentavam em um programa na Filadélfia, juntamente com O’Jays e tantos outros. Melvin, irresistível, baixo forte, violinos, piano, metais, vinha com “The Love I Lost, was a sweet love” e lotava as pistas. Melodia fortíssima, crescendos e explosões de metais que incendiavam as almas, bem como O’Jays com seu “Love Train”. Aqui em Belém, vários djs usavam essa música no encerramento dos trabalhos em alto astral. Sem querer perder trabalho para o som mecânico, Guilherme Coutinho trazia gravadores com sons pré gravados, aos quais acrescentava seu trio, já tocando Wilson Simonal com “País Tropical”, por exemplo, talvez Toni Tornado e sobrevivendo ao momento. Guilherme era insuperável, principalmente quando Walter Bandeira estava ao comando. Já era tempo do T1, ali na Base Aérea? No Pará Clube, entrávamos e mostrávamos qualquer carteira ao porteiro, com uma nota guardada, por baixo, que ele, com indescritível habilidade, guardava e deixava entrar. Não fui um grande dançarino ou participante assíduo, mas gostava. A Maloca, com Rosenildo Franco ao comando. Eu sei, havia a ditadura com vários agravantes. Desculpem, naquela faixa de idade, vivendo em um lar onde meu pai não discutia esse assunto e encarando um momento mundial onde a música, a literatura, teatro, cinema, poesia, tudo estava em revolução, confesso que não tive olhos para isso, o que me fez, mais tarde, comprar todos os livros possíveis, de todas as opiniões, até formar idéia a respeito. Enfim, eu fui muito feliz. Muito. E vocês?

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