sexta-feira, 12 de janeiro de 2018
UM DOMINGO NO BANDALHEIRA
Aquele
domingo de carnaval prometia. A chuva caía e parava, caía e parava. O que
fazer? Afinal, é o tempo dela. Acabamos de almoçar mais cedo. Bastava calção e
camisa, por cima a mortalha que era o uniforme, a fantasia do bloco e todos
estavam prontos. A primeira parada era na casa do amigo, um dos líderes, para o
apronto final. O ambiente era de euforia, cada um tentando se mostrar mais
animado que o outro. Alguém trouxe uma garrafa de rum ou vodka, não lembro.
Outro chegou com um pacote de Ki Suco, sabor morango. Pronto, a batida para
garantir o pique no resto da tarde/noite estava garantida. De lá, fomos para o
ponto de encontro, um bar/lanchonete que ficava na Generalíssimo, esquina com
aquela rua que passa ao lado da Basílica. A galera chegava aos poucos. Pronto,
agora também a banda contratada e, de repente, era hora da saída. O nome do
bloco era Bandalheira. Meu amigo, um dos líderes, não lembro dos outros, mas
Bosco Moisés acompanhava a turma, com um carro cheio de bebida,
preferencialmente de uma marca que, penso, ele era representante. A essa
altura, o teor etílico do grupo era bem alto. O percurso também não lembro, mas
o destino era a Praça da República, onde milhares de jovens esperavam a
passagem dos blocos, para dançar carnaval. Vários outros blocos também tinham a
praça como destino. O Vila Farah, Piratas da Batucada, muitos, todos muito
animados, meninos e meninas cantando as velhas marchinhas que duraram tanto
tempo e até hoje, dependendo da festa, ainda causam comoção. Durante o resto da
semana, os comentários dizendo que este ou aquele estava maior ou mais animado.
Isso fazia com que, em outros quarteirões, vilas, ruas, enfim, a galera se
animasse e constituísse outros blocos. Sim, havia muita paquera e muita gente
passando mal por excesso de bebida e outros baratos. Mas a bandinha rugia um
frevo e ia na base do “pega o meu cabelo pra não se perder e terminar sozinha”.
Havia um cordão de isolamento para evitar que gente sem fantasia se metesse e
desfigurasse a coisa. Os haters de hoje já vociferariam dizendo que era
preconceito contra o povão e tal. Havia alguns seguranças, porque é claro, onde
há meninas e meninos brincando e bebendo, pode haver alguma rusga. Minha prima
era a mais velha. Meus velhos a encarregaram de segurar a onda de “nosotros”,
por ter mais juízo. O problema é que ela emburacou na subida da Presidente
Vargas. Para passar na frente do prédio e acenar para a família que estava no
terraço, todos a amparamos, de tal maneira que pareceu que ela cumpria as
instruções. SQN. Passei comportado e bem postado na frente da Assembléia
Paraense, que começava o Baile dos Brotinhos. Na janela, a namorada. E na esquina
da Carlos Gomes, pintou a Turma da Bailique para estragar a brincadeira. Meu
amigo, bem forte, encarou, junto com os seguranças. Depois me contou que no
meio do frege, ao dar um “balão” no oponente, ao encara-lo, percebeu que era um
dos seguranças do bloco. Pior, era o “Cancão de Fogo”, famosa figura da luta
livre. O negócio foi pedir desculpas, piscar um olho e procurar outras vítimas.
Sem condição física para encarar um porradal daqueles, quedei-me entre uns
carros e fiquei assistindo. Ainda seguramos a prima que partia em direção a uma
desafeta, aproveitando para descontar qualquer parada antiga. Assim como
começou, acabou. O bloco seguiu seu caminho. Nós findamos no Pronto Socorro,
para uma injeção de glicose na prima, que sobreviveu. E ainda emendei para a
AP, ao som do Guilherme Coutinho. Evoé!
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