sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

OS ROMÁNOV

Compramos o livro de Simon Sebag Montefiore ao mesmo tempo, eu e Tenório, o mais famoso bibliófilo de Castanhal. Uma semana depois ele me perguntou se já havia encarado o calhamaço de quase mil páginas. Disse que somente chegara ao prefácio. Ele também. Talvez pelo desafio, resolvi ler. Montefiore é um dos grandes biógrafos europeus. Já havia lido, de sua autoria, “Stalin, a corte do czar vermelho”, maravilhoso e também longo. Ler a história dos Románov é ler sobre a Europa a partir de 1613, com Ivan, o Terrível, até 1917, com o assassinato de Nicolau e toda a família. Um país imenso, com áreas inexploradas. Línguas e religiões diferentes. Um relato de conquistas e derrotas. Mortes e nascimentos. Incompetência brutal, hesitações, feiticeiros, mulheres fortes, homens acreditando em uma ligação com Deus e muito, muito sexo. É impressionante como todos tinham amantes. Todos. No meio de tudo, passam Tolstoi, Tchaikovski, Puchkin e vários outros. E vem Pedro, o Grande, com uma corte bizarra que tinha até famílias de anões, usados inclusive para arremesso à distância. Os tsares ao assumir assinavam um contrato com a religião, o império, o nacionalismo e o exército. Achavam-se instrumentos de Deus. Vêm Alexandre e os irmãos Constantino e Nicolau. E sempre presente o desejo de anexar a Ucrânia e os Balcãs, do Cáucaso à Criméia, Síria e Jerusalém e Extremo Oriente (China e Japão), além da Índia e principalmente a Turquia, Constantinopla, por conta do estreito de Dardanellos. Não é engraçado como até hoje nada mudou, com o novo Tsar Putin? A decadência inicia com Alexandre III e vai a Nicolau II, chamado de Nicky. Mas saiba que Alexandre chegou a visitar os Estados Unidos, caçando em Nebraska com o General Custer e Bill Cody. Principalmente, Alexandre ficou encantado com Napoleão. Ficaram amigos, mesmo sabendo da incompatibilidade. Ambos eram conquistadores. Quando o francês invadiu a Rússia, cometeu o grave erro de confiar na sagrada incompetência dos militares, o atraso nos armamentos e falta de industrialização. Chegou a Moscou. Incendiou a cidade, vazia a essa altura. Veio o “general inverno” e Napoleão começou a retirada, açoitado pelos russos. Alexandre entrou em Paris vitorioso, montando um cavalo que havia sido dado pelo general, que foi enviado para a ilha de Malta. O tsar seguinte, Nicolau, Nicky, incompetente, começou cedendo territórios e depois que nasceu seu filho e herdeiro sofrendo de hemofilia, permitiu a chegada de malucos como Rasputin, que ficou famoso na história por mandar no Tsar e Tsarina, além de qualidade sexuais. A Revolução Francesa havia deixado interrogações. Agora havia os livros de Karl Marx. O distanciamento do Tsar e as necessidades do povo aumentaram. A cobiça, corrupção e traição também, não adiantando quantos foram mandados para a Sibéria. Começaram as manifestações. Bombas jogadas por terroristas. Lênin, Trotsky e o camponês Stalin comandando. Prenderam o tsar e a família. Decidiram mata-los. O sentimento pelo tsar, apesar de tudo era arraigado demais. Era preciso. O curioso é que Stalin, adiante, percebe que os russos somente acreditariam na autoridade de um novo tsar. É o que se tornou, deixando de lado a ideologia do comunismo. Matou milhões. Uma geração inteira. Precisava recomeçar. Tantos anos depois, temos um novo tsar, Putin. E o mais interessante: Tire o Ras de Rasputin. O que fica?

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