Hesitei
muito antes de assistir as temporadas de House of Cards, uma das séries mais
vistas e premiadas da tv americana. Não sei a razão. Talvez uma antipatia, ou
para não fazer o que todos estavam fazendo. Um erro. Quando enfim decidi
conhecer Frank Underwood e sua esposa Claire, enfrentei maratonas até chegar ao
fim. Agora, aguardo a nova temporada, ainda no primeiro semestre. As atuações
de Kevin Spacey e Robin Wright são perfeitas. A série recebeu 33 prêmios Emmy,
incluindo premiações individuais para Kevin e Robin. Ganhou também oito Golden
Globe Awards, e novos prêmios para o casal. Uma história de pragmatismo,
manipulação, cinismo e poder. Um casal disposto a tudo. Uma festa de ódio,
roubos, assassinatos, infâmia e arrogância. Com a chegada de Hillary Clinton às
eleições, houve até espaço para sugerir Claire Underwood. Não sei o que virá.
Beau Willimon adaptou a partir de uma série inglesa, de mesmo título. Esta, a
partir dos livros de Michael Dobbs. Estreou em 2013. Underwood foi um dos
artífices do presidente eleito. Esperava o cargo de Secretário de Estado.
Foi-lhe negado. A partir daí começa uma grande vingança. No cargo que ocupava,
no Senado americano, Líder da Maioria, tinha em arquivo todos os podres de seus
colegas. A partir daí, usando engenhosidade e maldade, vai derrubando os
oponentes até chegar à Casa Branca. Não sabia da série inglesa. Vou procurar.
Mas recentemente li os livros, achados na Fox. O autor é membro da Câmara dos
Lordes no Parlamento britânico. Foi conselheiro de Margaret Thatcher, John
Major e David Cameron. Li que após todo esse trabalho, teve férias longas,
quando veio a idéia do livro. Sabia o que tinha de escrever. Aqui é Francis
Urquhart, líder da bancada governista do Parlamento, que também ao ser
preterido após uma eleição, decide vingar-se de todos e chegar ao cargo máximo.
Tal como nos EUA, desperta a curiosidade de um jornalista. Usando todos os seus
truques e deslealdade, é eleito Primeiro Ministro. Curioso que aqui, sua esposa
não tem o mesmo destaque da série americana. Agora, Dobbs insinua que a Rainha
Elizabeth abdicou em favor do filho, Charles, que tem idéias próprias para o
governo, mesmo que nada possa mandar. É motivo de aborrecimento e outro
obstáculo para Francis. No terceiro livro, ‘Último Ato”, há bom tempo decorrido
e ele já está cansado, extenuado de tantas brigas. Vai bater o recorde de
permanência no cargo no século XX. Pretendentes ao cargo, mais jovens, surgem
de todos os lados. Quer largar tudo e ao mesmo tempo, não pode perder, sair,
entregar os pontos. Uma luta consigo mesmo. É impossível deixar de notar as
semelhanças nas patifarias que vemos todos os dias nos jornais, sobre a
política brasileira. Acho, mesmo, que o modo de fazer política, e aí serve para
a Inglaterra e EUA, está falido completamente. Não elegemos representantes, mas
baronetes que formam uma grande quadrilha onde se abastecem de muito dinheiro e
poder, claro. Em uma outra série que acompanho, “Designated Survivor”, um
presidente que nunca fez política, parece um ingênuo em meio a trapaças,
vinganças e cobiça dos que o cercam, cada um com uma idéia diferente para se
dar bem. Quanto aos três livros de Michael Dobbs, editora Benvirá, sugiro
vigorosamente. São muito bons.
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