sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

HOUSE OF CARDS


Hesitei muito antes de assistir as temporadas de House of Cards, uma das séries mais vistas e premiadas da tv americana. Não sei a razão. Talvez uma antipatia, ou para não fazer o que todos estavam fazendo. Um erro. Quando enfim decidi conhecer Frank Underwood e sua esposa Claire, enfrentei maratonas até chegar ao fim. Agora, aguardo a nova temporada, ainda no primeiro semestre. As atuações de Kevin Spacey e Robin Wright são perfeitas. A série recebeu 33 prêmios Emmy, incluindo premiações individuais para Kevin e Robin. Ganhou também oito Golden Globe Awards, e novos prêmios para o casal. Uma história de pragmatismo, manipulação, cinismo e poder. Um casal disposto a tudo. Uma festa de ódio, roubos, assassinatos, infâmia e arrogância. Com a chegada de Hillary Clinton às eleições, houve até espaço para sugerir Claire Underwood. Não sei o que virá. Beau Willimon adaptou a partir de uma série inglesa, de mesmo título. Esta, a partir dos livros de Michael Dobbs. Estreou em 2013. Underwood foi um dos artífices do presidente eleito. Esperava o cargo de Secretário de Estado. Foi-lhe negado. A partir daí começa uma grande vingança. No cargo que ocupava, no Senado americano, Líder da Maioria, tinha em arquivo todos os podres de seus colegas. A partir daí, usando engenhosidade e maldade, vai derrubando os oponentes até chegar à Casa Branca. Não sabia da série inglesa. Vou procurar. Mas recentemente li os livros, achados na Fox. O autor é membro da Câmara dos Lordes no Parlamento britânico. Foi conselheiro de Margaret Thatcher, John Major e David Cameron. Li que após todo esse trabalho, teve férias longas, quando veio a idéia do livro. Sabia o que tinha de escrever. Aqui é Francis Urquhart, líder da bancada governista do Parlamento, que também ao ser preterido após uma eleição, decide vingar-se de todos e chegar ao cargo máximo. Tal como nos EUA, desperta a curiosidade de um jornalista. Usando todos os seus truques e deslealdade, é eleito Primeiro Ministro. Curioso que aqui, sua esposa não tem o mesmo destaque da série americana. Agora, Dobbs insinua que a Rainha Elizabeth abdicou em favor do filho, Charles, que tem idéias próprias para o governo, mesmo que nada possa mandar. É motivo de aborrecimento e outro obstáculo para Francis. No terceiro livro, ‘Último Ato”, há bom tempo decorrido e ele já está cansado, extenuado de tantas brigas. Vai bater o recorde de permanência no cargo no século XX. Pretendentes ao cargo, mais jovens, surgem de todos os lados. Quer largar tudo e ao mesmo tempo, não pode perder, sair, entregar os pontos. Uma luta consigo mesmo. É impossível deixar de notar as semelhanças nas patifarias que vemos todos os dias nos jornais, sobre a política brasileira. Acho, mesmo, que o modo de fazer política, e aí serve para a Inglaterra e EUA, está falido completamente. Não elegemos representantes, mas baronetes que formam uma grande quadrilha onde se abastecem de muito dinheiro e poder, claro. Em uma outra série que acompanho, “Designated Survivor”, um presidente que nunca fez política, parece um ingênuo em meio a trapaças, vinganças e cobiça dos que o cercam, cada um com uma idéia diferente para se dar bem. Quanto aos três livros de Michael Dobbs, editora Benvirá, sugiro vigorosamente. São muito bons.

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