sexta-feira, 9 de setembro de 2016

LIVROS A MANCHEIA

O escritor Raphael Montes publica uma crônica semanal em O Globo e, na mais recente, escreveu sobre sua paixão por livros e livrarias. Diz também que todo escritor é um leitor compulsivo. Concordo. Meu medo é morrer sem conseguir ler todos os que eu compro. Luiz Veríssimo também escreveu algo assim: “esses livros maravilhosos que compramos e não vamos conseguir ler”. Mas batalhamos, todos, nessa utopia. Fico um tanto amargurado ao ler em rápidas perguntas a personagens que por alguma maneira se destacam, a resposta quase constante sobre o que acabou de ler. Invariavelmente é livro de auto ajuda. Nada contra. Assim como Paulo Coelho, os livros de auto ajuda fazem consumidores entrar em livrarias e de lá poderem sair com o que procuram e mais, quem sabe, algum romance, poesia, com a curiosidade despertada pelo título, pela capa, sei lá. Atualmente, em Belém, frequento três livrarias, a Fox, Saraiva e a Leitura, esta, no Pátio Belém. As duas últimas são grandes cadeias nacionais, que trabalham visando especificamente o lucro, sem atentar para um público menor, talvez, mas fiel, que é dos consumidores constantes de Literatura. A Visão também tem livros mas, ouvi falar, estaria disposta a desistir. Pena. Comprei dois leitores de livros eletrônicos, mais pela novidade. Os utilizo quando viajo para ler no avião. Ir a uma livraria é uma delícia. Folhear, ler orelhas, achar o que procurava, apostar em uma curiosidade. Nessas casas maiores, os vendedores praticamente não sabem de nada. Correm ao computador. Na do Pátio, a expressiva maioria dos livros aposta em uma corrente lucrativa de livros escritos por mulheres, para mulheres, com romance e muito sexo. Há também grandes mesas de auto ajuda e religião, mais livros para adolescentes, com aventuras. A loja do Boulevard deu uma mexida na arrumação dos livros, mas a preocupação com a venda do que é mais comercial é evidente. Livros didáticos, auto ajuda, religião e os tais romances femininos são a maioria. Os vendedores, sempre mudando, tudo bem impessoal, correm aos computadores. Tudo ao contrário da Fox. Sei que parece artigo de encomenda, mas quem compra livros sabe o que estou dizendo. Os vendedores têm empatia com clientes, têm memória dos compradores e apesar de conceder algum espaço aos romances femininos (amor e sexo), e a livros didáticos, é onde encontramos lançamentos importantes e inexistentes nas outras lojas. É possível encontrar amigos para tomar um café e falar de Literatura, inclusive. Mesmo assim, percebam que as três livrarias estão na parte mais rica da cidade, duas protegidas por shopping centers. Há uma Fox no Park Shopping, ali na Augusto Montenegro. Que bom seria se, espalhadas pela cidade, uma, ao menos, por bairro. Além delas, bibliotecas públicas. Bem, sou um leitor compulsivo. Em outras crônicas já revelei minhas primeiras leituras. Houve alguns anos em que, envolvido em outros episódios, deixei os livros de lado. Mas então veio a Brasiliense, apresentando os escritores beat, os malditos franceses, enfim, os grandes provocadores e voltei a consumir vorazmente. Livraria é como casa. Precisa de aconchego, conforto, ambiente. Isso a Fox tem. Nas outras duas livrarias, sinto-me em super mercado. E não se esqueçam que vem aí a 3a. Flipa!

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