sexta-feira, 8 de julho de 2016

COM O BUMBUM PRA LUA

Nunca tinha ouvido falar em Shep Gordon, até assistir ao documentário “SuperMensch”, pela Netflix, recomendado por meu filho. “Mensch” vem do íidice e quer dizer, basicamente, “confiável”, embora pense que “competente” talvez fosse a melhor tradução. Dizem que a série “Vinyl”, que infelizmente não terá segunda temporada, foi baseada em acontecimentos vividos por Shep. Ao final, pergunto-me se ele nasceu com o bumbum pra lua ou se tem, mesmo, talento. Muito jovem, tentando vencer na vida, após alguns desacertos, mudou-se para Los Angeles atrás de novos ares. Hospedou-se em um motel que mais tarde ficou lendário por hospedar grandes nomes do rock and roll. Estava em seu quarto e ouviu gritos. Parecia que uma mulher estava sendo estuprada na piscina. Foi até lá e encontrou dois namorados, fazendo amor. Desculpou-se. No dia seguinte, o casal foi até seu quarto. Eram Jimi Hendrix e Janis Joplin. Fizeram amizade instantânea. Atrás deles, vieram outros grandes amigos, entre eles, Jim Morrison, dos Doors. Jimi disse que ele devia empresariar um cara chamado Alice Cooper. Nunca havia trabalhado nisso. Por isso, disseram. Viraram amigos e sócios. A carreira ainda não havia decolado e ele decidiu colocar na Oxford, Londres, um imenso outdoor com uma foto de Alice, nu, envolvido por uma cobra. Estourou imediatamente e até hoje faz sucesso. Vieram muitos outros artistas. Teddy Pendergrass. Foi cantor de Harold Melvin and The Blue Notes, que os mais velhos vão lembrar do início da disco music. Teddy era sexy, romântico. Tiveram problemas com uma máfia formada por djs e produtores que exigiam dinheiro para tocar os discos. Anunciou na maior casa de NY, shows de Teddy exclusivamente para mulheres. Estourou. Era amigo de todo mundo. Casou, foi passar a lua de mel em uma ilha desconhecida. Havia apenas outro casal no final de semana. A mulher de Shep teve problemas com o notebook. Ligou para a recepção. Pouco depois, tocam na porta. Quando abriu, era Steve Jobs, oferecendo ajuda. Outro amigo. Pendergrass, no auge, inclusive de drogas, recusou-se a fazer um show. Na plateia, milhares de fãs. Shep disse que tivesse cuidado. Aquela energia poderia voltar-se contra ele. Pouco tempo depois, um desastre de carro. Ficou paralítico. Separado da mulher, que tinha uma enteada, soube, anos depois, que esta tinha uma doença incurável. Tinha três filhos. Passou a cria-los. Foi morar em Maui. Aposentou-se. Um jantar com amigos. Havia um chef a quem todos prestavam homenagens. Ficou impressionado. Pediu para ser assistente. Conheceu a realidade. Os chefs, famosos, mas sem nenhuma renda. Só fama. Inventou o chef celebridade. Programas de tv, produtos. Mais um sucesso para a carreira. O documentário é cheio de trechos filmados, shows, depoimentos. Mais que competente, o que fica bem claro é seu talento, suas idéias criativas. E não há artigo no mundo de hoje mais raro e caro do que o talento. Agora está meio parado, curtindo a vida em um paraíso, sua casa, cercado por troféus e discos de ouro. Lá, os amigos chegam sem avisar. Política de portas abertas, como diz. Rico, casou outra vez e descasou. E um dia, desabou. A saúde cobrou todos os anos de uma vida de stress. Fez uma operação de risco, acompanhado dos filhos que criou. Dizem que está no facebook, para quem quiser fazer contato. O cara é “mensch”.

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