sexta-feira, 8 de abril de 2016
CAPITÃO MARVEL
Não
fui, nem irei ao cinema assistir o blockbuster “Batman x Superman”. Não gosto
mais desses filmes de ação onde o barulho, a explosão e não a razão, o
argumento são mais importantes. Nada contra quem goste. Há, principalmente em
torno de “Batman” um culto interessante como ícone pop e com certeza, muito o
que discutir a respeito do homem morcego. Curiosamente, nesses filmes atuais, o
melhor está justamente nos vilões, caricatos, inteligentes, sarcásticos,
confrontando duas mensagens subreptícias, uma do cidadão obediente à lei e de
outro, um vilão que à parte vilanias, ousa quebrar essa linha de conduta.
Superman, surgiu em 1938, nas HQs. Os americanos saindo do crack da Bolsa em
1929, a chegada da Segunda Guerra, todos tentando se recuperar. Então vem o
super herói, com uma identidade secreta, personagem frágil, carente, contrastando
com seus poderes. Quando a corrupção, a bandidagem começa a se impor diante da
lei e os habitantes da cidade não têm a quem apelar, surge Super Homem.
Indestrutível, voando e com identidade secreta. Não importa onde e se ele faz
necessidades fisiológicas, só de pensar já fico sem graça. Sim, eles têm sempre
uma namorada, uma eleita, com quem não fazem sexo e apenas prometem algo que
nunca acontecerá. O incompetente Comissário Gordon, está sempre a projetar na
noite de Gotham, o socorro de Batman, que prontamente coloca-se a serviço, sem
nunca receber nada em troca, bem como nunca sequer ralar o joelho, mesmo
enfrentando a cada semana vilões poderosos. Agora, colocar Batman x Super Homem
é uma covardia, se este último é indestrutível e voa! Qual a chance de Batman?
Circular nas bocas e conseguir uma muca de kryptonita? Francamente. Nos dias de
hoje, em que vivemos aprisionados em nossas casas e carros blindados (quem pode
pagar); em que todos os índices de desenvolvimento nos empurram para um Comissário
Gordon, ou para gritar com Clark Kent; seria o caso de chamar um super herói?
Não é uma solução simplória e covarde de um povo que ao invés de lutar por seus
direitos, prefere a ajuda de um super herói? Alguém vai lutar por mim. Alguém
irá às passeatas. Enquanto isso, prosseguirei votando errado, meramente por
dinheiro, promessa de emprego, briguinhas paroquiais, irei? Em uma época de
mídias sociais onde muitos emitem suas opiniões, enquanto outros são haters, há
os que são pagos para disseminar mensagens deste ou daquele lado. Continuaremos
a esperar por Batman e Super Homem? Estou muito bem informado. Tenho minhas
opiniões. Atravessamos um período turbulento, mas democraticamente precioso. É
preciso reconstruir o que deixamos ser destruído. Há muito a fazer. Esperar por
um super herói que recoloque as coisas no lugar sem que tenhamos de suar,
arregaçar mangas, discutir, participar, nos manterá como esses cordeiros que
fomos até agora. Ética, honestidade. Sou otimista. Acho que algo muito bom
sairá disso tudo. Meu primeiro super herói foi Capitão Marvel, inventado aqui
no Brasil onde o SH não chegava ainda. Sua identidade secreta era Jimmy Olsen
(se não me engano) e seu principal vilão era o Dr. Silvana. Bons tempos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário