Gosto
de assistir a filmes como todo mundo. Não tenho conhecimento técnico para
discorrer sobre oque vejo, mas é claro que tenho opinião. Como todo mundo.
Todos os anos, tento ignorar a propaganda dos filmes que concorrem ao Oscar. Os
prêmios que vêm antes, servindo como aquecimento à grande noite. É muito
difícil resistir. A indústria ocupa todos os meios de comunicação, falando
principalmente de alguns filmes. De repente eles se tornam melhores do que
outros. Os elogios são brutais. As atuações agora são formidáveis. Revistas,
internet, televisão, todos se preparam para a grande noite. E antes, no nosso
caso, aqui em Belém, quase em cima da hora, assistimos aos concorrentes. E no
meu caso, me decepciono cada vez mais. Para aplacar uma certa deprê que bate,
assisto a clássicos como “Apocalypse Now Redux”, versão estendida do filme de
Coppola, que curiosamente passou apenas dois dias em um cinema que ficava no
local onde, hoje, ergue-se o Boulevard Shopping, com seus cinemas e pipocas.
Claro, não assisti a todos os candidatos e talvez fizesse como Glória Pires na
base “não tenho condições de opinar”. Mas, por exemplo, rápido, percebi que
“Mad Max” e “O Regresso”, poderiam ser o mesmo filme. Ambos são “on the road”,
uma situação clássica. A estrada, espaço neutro, entre um e outro lugar, onde
ninguém pertence, está de passagem. Uma vez, estava em um avião que fez escala
em Brasília. Súbito, avisam que o avião em que estávamos havia sido solicitado
em outra cidade e que desceríamos e esperaríamos por outro vôo para seguir
nosso caminho. O que fazer? No meio da estrada, uma noite qualquer, sem lenço,
nem documento. “Mad Max” é como ouvir “Highway Star”, do Deep Purple, com
direito a um guitarrista maravilhoso como alegoria e um festival de explosões,
onde o espectador entra sem nem saber de que lado ficar. E o “Regresso”? No
meio da neve, um homem é traído pelos companheiros e precisa retornar ao ponto
de partida. Sinceramente, o Oscar do Leonardo DiCaprio deve ter sido por pena
de tudo o que lhe acontece. A cara de malvado que faz, me faz rir, como a cara
do Tony Ramos nessa novela que terminou alguns dias atrás. Também entramos na
história lá pelo meio, e Leonardo é tão importante que outras personagens, que
passam rapidamente, ficam esquecidas, com pouca ou nenhuma atenção recebida.
Adoro o diretor mexicano Alejandro Iñarritu, e li bastante sobre a trabalheira
que foi filmar na neve. Paciência. “Mad Max” faturou quase todos os prêmios
técnicos. E daí? Onde ficou a história, o roteiro? Há somente destruição e
violência na tela. Explosões monumentais e o sangue. “Os Oito Odiados”, de
Tarantino, é a mesma coisa. Repete a neve. Uma casa, no meio do nada. On the
road. Cada bala provoca uma destruição como se fosse um míssil. A procura é pelo
espetáculo, pela banalização da violência. Chega a um ponto insuportável. E o
resultado alcançado também é nada. Infelizmente não assisti “Spotlight”, “A
Grande Aposta” e “A Garota Dinamarquesa”, mas vi “Carol”, sobre o livro de
Patricia Highsmith, uma romancista de quem ja li muitos trabalhos. O filme não
me convenceu. Vale por Cate Blanchett, bela e charmosa como sempre. Mostra a
aproximação de duas mulheres e a luta pela guarda de uma menina. Em destaque, o
flerte e o namoro. Aos poucos vamos sabendo que, pouco depois da Segunda
Guerra, acho, com aqueles costumes antigos, a personagem de Blanchett teria
sido flagrada com outra mulher. E que por isso o marido quer a filha. No filme,
isso passa ao largo. Não gostei, não sei vocês. Pois é, minhas opiniões são
apenas de público absolutamente comum. E já sabem dos premiados.
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