terça-feira, 13 de setembro de 2011

Tropeçando em assuntos

Li por esses dias duas publicações de pensadores interessantes, o primeiro um sociólogo polonês, Zygmunt Bauman e o outro, Leonard Mlodinov. Entre eles, pode haver alguma semelhança, não sei, mas o que dizem é bom para refletir. Zygmunt está preocupado com mecanismos como Facebook, criando a ilusão de amizades, sendo que nada é face to face, e com um clic, desconectamos toda a amizade. Acha que somos solitários em uma multidão, cada um com seu headphone, alguns com headphone desligados, mas nas orelhas, apenas para evitar qualquer contato. Disse também que o mundo, a civilização, não pode viver sem dois valores essenciais: segurança e liberdade. O problema está na correta fórmula de equilibrar esses valores. Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é o caos. Encontre a mistura certa e seremos felizes. Zygmund diz que nosso caráter é que vai fazer a opção certa do destino que teremos. Sócrates acreditava que o segredo da felicidade estava em criar uma forma de vida para si. Uma maneira de viver, afinal, cada um é cada um. Pense. Escolha seu destino. Mas é preciso estar preparado. Leonard Mlodinov não acredita na existência de um Deus. Acredita no princípio da aleatoridade. Tudo é aleatório. O que é preciso, como Shakespeare escreveu, é estar pronto. Para tudo, é preciso estar pronto. Leonard diz que seus pais se safaram do campo de concentração e ele pôde nascer. "Que Deus é esse que decidiu matar toda a minha família mas poupou apenas meus pais para que eu pudesse nascer". Tudo é o acaso. Tanto que ele, físico, em algum momento largou tudo e foi para Hollywood onde escreveu roteiros para dois ou três grandes blockbusters. Depois virou escritor. Ele acha que é preciso perceber quando o acaso surge e ir em frente, aproveitar as chances, mesmo que isso signifique mudar tudo o que vinha fazendo. Até lembrei dos versos de Ferreira Gullar em "Onde andarás", que Caetano Veloso musicou, "e é por isso que eu saio na rua, sem saber pra quê, na esperança, talvez, de que o acaso, por mero descaso, me leve a você". E o garoto que de repente, começou a ter notas baixas na escola e queixas dos professores. A mãe chamou pra conversar. "Ah, mãe, eu não quero ser chamado de nerd!". A mãe argumentou que grandes e famosos se tornaram assim por estudar, por tirar notas altas. Nananana. O máximo que conseguiu foi que ele elevasse as notas, mas nada de tanto destaque. Que coisa! A professora Rosely Sayão está preocupada com essa sociedade do espetáculo em que mais importante de tudo é a aparência, estereótipos que deixam de lado o conhecimento, trocado pelos highlights de rápida pesquisa no Google. E você, o que acha?

6 comentários:

Anônimo disse...

ELES podem estar certos, mas, como estamos no século 21, não temos como ignorar.
Em todo caso tenho Facebook, Twitter e blog; até como uma forma de passar o tempo.

BLOGUEdoValentim
2Vizinhos, PR

Edyr Augusto Proença disse...

E Deus será o acaso? O princípio da aleatoridade?

Scylla Lage Neto disse...

Edyr, acho que o ideal seria usarmos os mecanismos tipo redes sociais como ferramentas a nosso favor, extraindo o que possa ser útil para as nossas realidades e para os nossos sonhos.
Eu não tenho Facebook nem Twitter e não sinto a menor falta.
Participo de um blog, o Flanar, e leio uns pouquíssimos, como o seu.
E concordo que o exercício de "egolatria comunitária virtual" aumenta a solidão e potencializa a melancolia.
Me arrisco a dizer que o conteúdo humano parece se diluir em uma "depressão digital coletiva".
O equilíbrio do real e do virtual está na cabeça de cada um e de todos. Pessoalmente, prefiro o real.
Quanto a existência de Deus, acho que jamais entenderemos nada, nem o universo nem nós mesmos.
E o que você acha?

Edyr Augusto Proença disse...

Acho que há um Deus, uma energia, algo que de alguma maneira rege tudo e nós humanos inventamos várias alternativas para tentar chegar a Ele/Ela. Quanto a mim, procuro seguir a filosofia do Cristo. Sou mais cristão que católico e acho ser cristão muito difícil. Mas tento.
Abs

Marise Rocha Morbach disse...

Li um dia desses que os neurocientistas que trabalham com os linguistas afirmam que o Inglês é uma língua que expressa positividade; talvez daí a bela ideia de Shakespeare de que é "preciso estar pronto". Os europeus são muito duros e perderam bastante no séc. XIX e XX. Perderam ilusões, pessoas, coisas, mitos; e muito do romantismo de que iriam viver o máximo que o progresso pode oferecer. Eu vejo o Facebook como uma rede de difusão da vida privada tornada pública, na qual o desejo de poucos é, depois, difundido pelo interesse de alguns; mantenho um número muito pequeno de conhecidos; não gosto da ideia de ter milhares de "amigos" conectados; cada um deles tem outros milhares...Não tenho um trabalho que exija de mim conectividade ampliada. As redes são fantásticas no sentido da difusão e ainda não sabemos muito bem prá onde vão em potencial de diluição sobre os atuais poderes da Imprensa.No mais, vejo a velha, boa e violenta sociedade humana se reproduzindo em ferramentas mais velozes e mais interativas; a tragédia ainda segue o antigo script de Sócrates: pois pois....

Edyr Augusto Proença disse...

Muito bem, vizinha. Saudades.
Bjs