segunda-feira, 4 de abril de 2011

As pretinhas..

Acabo de ler que no circuito chic de NY, alguns descolados agora se reúnem, levando antigas máquinas de datilografar. Ficam conversando e "typing", para ouvir o ruído do equipamento a partir do toque de dedos, movimentos com o "carrão", dedos sujos de tinta e palavras no papel. Estão, mesmo, é fazendo pose, que é como vejo esses que anunciam a "volta do vinyl". Abrem páginas para garantir que fábricas antigas voltam a fazer vinyl. Que tal grupo vai lançar seu trabalho também em vinyl. Que o som é melhor, até acho que pode ser, por conta de compressão, enfim. Mas já passou, foi bom e tchau. E eu realmente adorava as "pretinhas", como todos chamavam as teclas das máquinas de datilografia mais antigas.
Fiquei bem chateado quando minha mãe me matriculou, durante as férias, em uma Escola de Datilografia. Era menos tempo para não fazer nada. Hoje, sou-lhe ardentemente agradecido. Na minha profissão, é um ganho e tanto escrever com todos os dedos. Aos poucos, fui deixando até de escrever à mão e quando o faço, vejo que minha letra também diminuiu de tamanho, quase chegando ao das páginas impressas. Meu pai tinha em casa uma "Royal", objeto lindo, portátil. E eu já era bem rápido. Quando veio a máquina elétrica, minha preferência era por aquela que trabalhava com esferas. Tinha um especial prazer em fazê-la travar, dada a minha rapidez. E isso sem errar, naturalmente. Meu primeiro contato com os computadores foi quando trabalhei no Centur, ali nos primeiros anos da década de 90. Usava como uma máquina de datilografar. Deixava pregado na parede os processos para ligar e acessar o programa "Carta Certa". Então fui aos EUA e de lá trouxe um notebook. Engraçado porque o comprei às proximidades da Grand Station, de um comerciante judeu que me enrolou e empurrou uma marca não tão conhecida e que certamente iria falhar em pouco tempo. Sorte minha, durou foi muito. Depois tive um Compaq de mesa, que no mesmo móvel embutia monitor, HD e disquetes. Demorei muito tempo para sair dos PCs, Windows e tal. Mas então vieram iPad, iPhone e vieram os Macs, de mesa e notebook. Lembro agora que a redação do Jornal do Brasil lutou muito contra os computadores. Por fim, foi lançado inclusive um manual de procedimento, que incluiu crônicas de gente como Millor Fernandes, sobre os computadores. Se a idéia era nos escravizar às máquinas, vingou. Mas ao ler sobre os descolados de NY e seu grupo chamado "Type in", me lembrei das "pretinhas"..

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