terça-feira, 27 de abril de 2010

O Mago

Sou um leitor vulgar. Leio o que me interessar. Li os dois primeiros livros de Paulo Coelho, Diario de um Mago e Alquimista. Cheguei a tentar ler o das Valkírias no Deserto, algo assim. Não consegui. Foi demais. Ele é muito ruim. Ruim de Português e de contar as histórias. É o que acho, correndo todos os riscos. Afinal, toda a crítica nacional também acha isso, o que é combustível para ele, que se sente injustiçado e perseguido, já que é um dos mais importantes escritores do mundo, com milhares de traduções, condecorações, amizades importantes, idolatria, enfim. E mesmo assim, no Brasil, seus livros vendem aos milhares. Seríamos todos uns invejosos?
Acabo de ler O Mago, a biografia escrita por Fernando Morais deste escritor que tem raízes paraenses, ao ser da família Queima Coelho de Souza. Um jovem perturbado, querendo encontrar seu lugar, ser famoso, mas com um pai que não o entendia e uma mãe que nada discutia. Absurdo, chegou a ser internado três vezes em hospício, por fumar maconha e discordar do pai. Tentou teatro, jornalismo. Interessou-se pelo satanismo. Aí, penso, seus delírios de imaginação. Foi fundo. Conheceu Raul Seixas e tentou levá-lo para lá. Juntos, fizeram a Sociedade Alternativa e ficaram ricos com os três primeiros discos, que tanto sucesso fizeram, em uma época em que se vendia 500 mil álbuns, brincando. Bons tempos. Baixo, feio, cabeçudo, sempre com mulheres bonitas em volta. Uma delas, apaixonada, topou deixá-lo apagar um cigarro em sua coxa, como prova de amor. Veio um negócio meio vira lata, dessas editoras que lançam livros financiados pelos próprios autores, que pagam para que suas poesias saiam nessas "Antologias" sem nexo. Tinha dinheiro, foi com a mulher, prima, Christina Oiticica, morar em Londres. Num passeio, foi falar com um homem que jurava ter visto na Alemanha. Um mago que logo o convidou a cumprir etapas, se também quisesse ser um. E começam os delírios mais fortes. E os livros começam a vender horrores. Cada vez piores, os livros, cada vez maior, o sucesso. Disse que faria chover, se quizesse. Nunca demonstrou querer, ao menos na frente de pessoas idôneas. Um dia, sentiu ao seu lado, a presença de seu Anjo da Guarda. Da maneira que ele explica, é muito difícil acreditar. É um homem avaro, que sempre quis ser famoso a qualquer preço e pronto a dizer frases que parecem significar algo, mas não são, verdadeiramente, nada. E os fatos? O mundo o adora. E os fatos? Talvez ele seja, mesmo, um mago, ao fazer as pessoas consumirem merda, acreditando, piamente, ser ouro. Fernando Morais é um grande escritor, embora discorde frontalmente de suas opiniões políticas. Ele não poupa o biografado, revelando inclusive ter tido relações homossexuais, por ter dúvidas sobre sua orientação. Mas ao final, cede aos fatos, parecendo concordar tratar-se de inveja brutal o que sentimos por Coelho, membro da Academia Brasileira de Letras.

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