Acabei de ouvir Orchestrion, o disco novo de Pat Metheny, mais uma vez, muito bom. Pat tem muitos fãs no Brasil. Ele próprio, além de ter namorado com Sonia Braga, morou algum tempo no Rio de Janeiro, o suficiente para dar uma chupada bacana no estilo do mineiro Toninho Horta. Seus primeiros discos por aqui eram da norueguesa ECM, propondo um novo som, algo entre o erudito e o jazz, por mais distantes que pareçam os gêneros. Ele já era ótimo, tendo ao lado o pianista Lyle Mays. Então acompanhou Joni Mitchell no show Shadows and Light, junto com Mays, Jaco Pastorius e outros gênios. Formou uma banda sensacional. Os discos em seguida, misturando jazz, rock, erudito, música brasileira, alcançaram níveis altíssimos. Chegou no ápice. Assisti a um show, onde conseguiu juntar todos os seus músicos (cada um tendo sua carreira solo e compromissos, incluindo o brasileiro Armando Marçal), que considero uma das melhores apresentações que vi na vida. Incrível sua técnica e virtuosismo. Não erra uma nota sequer. Claro, rolou uma super exposição e ele vem, desde então, soltando discos aqui e ali, sempre brilhantes, mas nunca mais chegando ao nível anterior. Gravou com Ornette Coleman e seu freejazz. Agora, Orchestrion. Levou muito tempo programando cada um dos instrumentos, de tal forma que ao iniciar a performance, não há chance para erro. O resultado é, sem dúvida, impressionante, mas não arrebatador. Ele repete, inevitavelmente, compassos, passagens e soluções anteriormente já mostradas, de melhor maneira. Ainda assim, comprem correndo. Estamos colocando defeito em biscoitos finos.
Como o Manhattan Transfer, que surgiu recriando clássicos do jazz, colocando palavras, letras, onde antes havia apenas solos. Com vocais excelentes, obteve grandes resultados. Depois, passou a passear pelos clássicos, chegando até ao nosso Djavan. Houve cansaço e eles se retiraram. Fizeram carreiras solo, competentes, mas nenhuma chegando aos pés do grupo. Agora, um retorno triunfal. O songbook de Chick Corea, um dos grandes músicos do jazz latino. Repetem a experiência de início de carreira, inserindo letras onde antes estava a melodia e o piano de Corea. Muito bom. Genial.
Como também Madeleine Peyroux, a cantora americana, que morou na França, tem o timbre igual ao de Billie Holiday e é a grande estrela do jazz atual. Seu disco mais recente, Bare Bones, talvez repita um tanto a fórmula dos anteriores, mas e daí? É uma delícia ouvi-la cantar, como se estivéssemos nos anos 30, ou dar um toque de chanson a algumas faixas, utilizando até acordeom. Ela é ótima.
Também escutei uma seleção que fiz de Santana, outra delícia. Eu começava a trabalhar em rádio quando Evil Ways bombou nas rádios e inclusive nas aparelhagens sonoras dos subúrbios. Era o tempo, também do Creedence Clearwater Revival, ou Credênce, para alguns. O Santana emplacou, mais tarde, outras como Samba pa Ti e Guajira, por exemplo. E já o vi, chapadíssimo, tocando em Woodstock e arrebentando em Soul Sacrifice, vindo em seguida o disco de Black Magic Woman e Oye como va. Muito bom. Durou quanto durou. Já assisti vídeos de grandes shows de Santana. Há alguns anos ele teve um revival, emplacou outras, mas agora está descansando, merecidamente. A guitarra, o desenho do som, com as congas, realmente, viva Carlos Santana.
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