sexta-feira, 12 de outubro de 2018

A TRÉGUA DE NAZICA

Não está fácil. As mídias sociais desmoralizaram a propaganda no rádio e tv. O candidato com 9 segundos abriu em primeiro e parte para o segundo turno com vantagem. Nas mídias, todos usando como escudo seu computador e a internet, chovem fake news. Lembro de Remo e Paysandu. Não importa com quem joguem, mesmo que em séries diferentes. Estão sempre jogando, um contra o outro. Aqui em Belém, sabemos que o Remo levou gol de qualquer time, por conta de foguetes de comemoração da torcida alviazul. E vice versa. Torcemos pela derrota do outro e esquecemos da vitória do nosso. Assim não é possível. Cada um vem com um pecado mortal de um ou de outro adversário político. E tome discussão. Gente, a Santa vem aí. Vamos respeitar. Como é que vai ser esse almoço? Cada turma em um quarto, para evitar brigas partidárias? Fascistas não se misturam com ladrões? Olha a Santa, já valei. Abramos uma trégua, até pelo menos a segunda feira. A maniçoba está cheirando. O pato. Poxa, tranca essa boca aí, menina! Cara, para de falar besteira. “Chá de Cadeira”, a revista do Comendador Sobral, já está sendo distribuída, com vários colegas escrevendo sobre o manto da Nazica. Bem, gosto de chamar Nazica, já aviso para haters. Chamo com respeito. Com amor. Depois, Maria sempre foi do povão, né? Acho até que se incomoda com toda essa riqueza da berlinda e do manto. Nazica é um ícone pop. A Diretoria da Festa precisa perceber os jovens paraenses e acenar em direção a algo mais palatável do que velhos livrinhos que a acompanham nas peregrinações. Eu nunca perdi um Círio. Depois da partida de meu pai, este será o primeiro sem estar abraçado à minha mãe querida. Vai ser difícil. Mas sim, o manto. Quando for até Icoaraci, na manhã de hoje, sexta, o manto devia ser algo bem leve e fresco. É um sol desgraçado que ela enfrenta, sem direito a paradas estratégicas para retocar a maquiagem, passar um algodão úmido no rosto, tomar um red bull, sei lá. Ainda ligam uma luz na berlinda. Insuportável. Quem sabe um manto combinando com a decoração, sempre linda, do Paulo Morelli e equipe? Mas olha, quando vem no Círio Fluvial, vamos combinar, uma Nazica marinheira, belíssima, no vento, certamente com um manto jovial, bem verão, deixando-a a mais bela. Ih, será que os vidros da berlinda deviam ter aquele protetor solar? Porque a Nazica não deixa de passar, para manter aquela pele tão linda. Não, óculos escuros, tipo Ray Ban, não combinam, certamente. E já se troca porque desce do barco e sai pela Presidente Vargas em um Círio de motocicletas. O manto cheio de taxas, alguma coisa que comente aquilo e a devoção que a cerca, bem Easy Rider, não? A Trasladação, concordo, uma soirée, algo bem bonito, elegante, bem sacre nuit, para receber as homenagens. Felizmente, o Cirio começa mais tarde, às sete. É preciso compreender. Nazica está desde sexta impávida, recebendo homenagens, logo ela que é tão simples, de gostar de ficar conversando na cozinha, com as pessoas das casas, nem gosta de ir para a sala grande, se amostrar. Precisa descansar. Sim, desde sexta, o manto cobre, naturalmente, Nazica usa tênis. Não digo a marca porque vocês sabem como a concorrência entre as fábricas é grande. E nas folgas, manda buscar seu chinelinho porque ninguém é de ferro. O passeio anual, glorioso, é perfeito. Quando surge, o sol da manhã, a energia trocada, tudo aquilo como que me dá um choque emocional. Fico em silêncio. O pensamento canta loas à Rainha. Peço por meus pais, filhos, minha Zê, pelos queridos. Nossa Senhora de Nazaré, olha por nós! E na segunda, a trégua acaba.

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