terça-feira, 29 de abril de 2014

É só mais um filme de amor

Acabei de assistir "About Time", que no Brasil leva o título "Questão de Tempo", com roteiro de Richard Curtis, que ficou famoso ao redigir os roteiros de "Um lugar chamado Notting Hill" e "4 Casamentos e 1 Funeral", entre outros. Uma comédia romântica. Tim é bem jovem, tímido, hormônios explodindo e mora na Cornualha, com pai, mãe, um tio e uma irmã. Quando completa 18 anos ou algo assim, o pai lhe conta o grande segredo: os homens da família podem viajar no tempo. Para o passado, apenas. Basta ir a um cômodo reservado, fechar as mãos, concentrar-se e escolher a época de sua vida, suponho. Tudo isso encerraria se tivesse mais de dois filhos. O filme segue, very british, com ironias inteligentes, muito humor fino. Tim vai para Londres, advogar. Encontra a garota dos sonhos, depois de várias peripécias, idas e voltas no tempo. Casa, filhos, enfim. O pai piora de câncer. Ele volta à Cornwall. Conversam. Não há volta no tempo que resolva. Mas ele volta uma vez, para jogar ping pong com o pai. A delícia, o desfrute do encontro. E mais uma vez, pouco antes do falecimento. Para uma última conversa. Um beijo. Eu te amo, pai. E mais uma. Ele, criança, com o pai, à beira da praia. Foi a última vez. A mulher engravida pela terceira vez. 
O roteiro é perfeito, divertido, romântico, emotivo. Chorei porque lembrei do meu pai. Quisera poder voltar no tempo, jogar mais uma pelada com ele. Compor mais uma música. Ouvir suas anedotas. Gostaria de dizer eu te amo, meu pai. Beija-lo, tocar seus cabelos, o que fiz somente quando ele já não podia perceber, em seus últimos momentos. Abraça-lo. A falta que ele me faz ainda é terrível e sempre será. Me emocionei talvez por estarmos a poucos dias da data de seu falecimento, bem como de seu nascimento, em maio. O jeito de tocar nas pessoas no ápice das piadas. O corpo do violão, colado ao queixo, quando tocava as "baixarias" que ele gostava. Sentado em minha sala, jogando conversa fora. Como ele me faz falta! Que inveja do Tim, no filme, que volta para dizer o que às vezes seguramos, sabe lá qual o motivo. Oxalá meus filhos gostem de mim o tanto quanto gosto deles! É uma liga, um elo eterno. Pois é, "Questão de Tempo",  numa noite de terça feira, me aqueceu o coração, encheu meus olhos de lágrimas. Saudades do meu pai.

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