quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Pai

Antes de mais nada, quero dizer que meu teclado nao esta colocando acentos, ok?
Chega mais um Dia dos Pais, data apropriada para o comercio mas, why not, aproveitamos para homenagear nossos pais, tao queridos. O meu ja nao esta mais por aqui. Nunca pensei que faria tanta falta. Penso nele diariamente, para tudo e por isso, considero que ele anda ao meu lado. Nos seus ultimos anos de vida, viramos amigos muito proximos. Aposentado, passava diariamente em minha sala, para conversar. Altos papos. Herdei alguns dos seus amigos. Todos ja se foram, tambem, mas iam la comigo, tomar um cafezinho. Por questao de temperamento, nunca fui proximo fisicamente dele. Nada de abracos apertados, beijos e que tais. Se comunicava pelos olhos. Nao gostava de teatro. Nao era a dele. Preferia musica ou os filmes de Charles Bronson. Mas ia a todas as minhas estreias. Quando trabalhei fazendo comentarios esportivos, muitas vezes os colegas, ao inves de me chamarem Edyr Augusto, chamavam Edyr Proenca e queriam se desculpar. Desculpa nada, para mim, uma honra. Mas tambem nunca tive medo de seu nome. Nem eu nem meus irmaos. Nao fomos criados assim. Fomos livres, cada qual escolhendo sua direcao, sem pensar ou sofrer com comparacoes. Fomos parceiros de musica e futebol. Fui seu companheiro, calado, no banco da Prc5, nas cabines dos estadios durante muitos anos. Ele me ensinou a ver o jogo. Serve ate hoje. Foi com uma letra minha que ele voltou ao violao, a compor. Tenho musicas ineditas dele, aguardando a oportunidade para lancar em cd. As vesperas de sua morte, cheguei perto e passei a mao em seus cabelos. Nunca havia chegado tao proximo. No dia em que se foi, nao tive tempo de chorar. Precisava cuidar dos preparativos para o enterro. O choro veio algumas semanas depois, quando meu filho contou um sonho que teve com ele. Puxa, como sinto sua falta.
E no entanto, agora sou um pai, na espera de mais um Dia dos Pais. Meus filhos sao adultos, um deles esta casado com uma pessoa fantastica. Meu pai dizia que sabia lidar com cada filho, pois cada um era diferente do outro. Isso mesmo. O amor de um pai para com seus filhos talvez seja o maior possivel. Maior ate do que por pai e mae, se e que podemos medir isso. E dizer que sao adultos! Para nos serao sempre criancas. E procurei ser muito proximo. Beija-los, abraca-los, elogia-los. Os tempos sao outros. Dividimos roupas, discos, livros. Discutimos todos os assuntos. Mas cada um e cada um. Desde os primeiros dias, quando me perguntavam o que desejava que fossem, quando grandes, respondia: que sejam felizes. Penso neles o tempo todo. Agora um vai fazer uma viagem. Dessas que nos, dos anos 70, sonhavamos em fazer e nao fizemos. O menor quer viajar. Mas ja e um homem feito. Claro que vai. Vai em frente. Mas ja disse, nao posso evitar, vai partir meu coracao. Mesmo. De chorar so de pensar. Vem mais um Dia dos Pais. Vamos sair para almocar. Felizmente, por forca de trabalho, estamos quase todos os dias juntos, de modo que o almoco e algo pro forma, embora o facamos com grande prazer. O que quero ganhar? Sempre me perguntam, claro. E eu respondo: Quero o amor de voces.

3 comentários:

Scylla Lage Neto disse...

Edyr, fiquei emocionado com o seu texto e confesso que até ensaiei algumas lágrimas, meio que escondido no trabalho.
Na idade em que estamos, entre o passado que se dilui lentamente na memória e o futuro que vem forte na forma dos dias intensos que degustamos, lembranças como a do toque do cabelo dos nossos falecidos pais acionam áreas cerebrais de pura emoção.
E nada melhor do que um punhado de amor filial como presente no Dia dos Pais.
Quem o receber, feliz será.
Um abraço.

Edyr Augusto Proença disse...

Lindo seu comentario, Scylla. Obrigado.

Vera Cascaes disse...

Amigo querido...

Bem sabes o quanto sinto falta do meu, de quem me acho parte incompleta...De quem busco, pelo menos em sonho, a palavra amiga que jamais me faltou.

Queria te abraçar assim, com ares de dia especial, com fitas e papéis metalizados. Por seres o pai que és, mas principalmente por te sentires, para sempre, "filho".

Felizes todos os dias em que lembras deles - do teu pai, e dos teus filhos!
Um beijo,
Veroca