sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Os artistas de teatro de volta à sua casa
Não faço política partidária. Faço política cultural, meramente por escrever livros, peças de teatro, atuar com um grupo que audaciosamente administra penosamente um teatro há uns cinco anos, talvez. Lá no começo dos anos 90, minha barra estava pesada financeiramente e tive a oportunidade de trabalhar para o Governo. Foi a segunda vez. Na primeira, foi para fundar a Rádio Cultura Onda Tropical. Agora, foi na Secretaria de Cultura, sob as ordens de Guilherme La Penha. Quando cheguei, tinha apenas boas idéias. Nada sabia dos trâmites burocráticos, os relacionamentos internos, a vida em um órgão público. Foi difícil, apanhei e aprendi para a vida inteira. Mas creio que juntamente com minha equipe deixei boas sementes nas mais diversas áreas em que estive, seja porque estudei, viajei, aprendi e ousei tentar. Infelizmente, a única área em que pouca coisa foi feita foi a de Artes Cênicas, imaginem, justamente a área em que mais atuava, na época. E bem que devia dar certo. Houve várias e longas reuniões. Não lembro de todos, mas lembro principalmente de Luiz Otávio Barata, o genial, o temível, polemista, criativo. Tivemos longas conversas. Proveitosas, respeitosas, altíssimo nível. Luiz era um gentleman. Costuramos todas as arestas, procurando atender ambos os lados em suas questões. Enfim, tudo aceito, marcado, foi pedido uma última instância. Uma Assembléia com a turma de teatro. Disseram que seria coisa simples. Infelizmente, tudo foi negado. Questões políticas, intransigências. Pena. Nada aconteceu. E depois disso, veio a noite que se abateu sobre nós. Até agora, quando abrem possibilidades. Estivemos em uma reunião com Nilson Chaves, superintendente da Fundação Tancredo Neves. Um a um, alguns dos fazedores de teatro foram chegando. E cada um exclamando há quanto tempo não pisava ali. Olhamos as paredes, divisórias, cumprimentamos servidores antigos. Uma novidade. E lembramos como, antigamente, todos transitavam ali como sua casa, que é. Encontramos em Nilson e Marcos Quinam a vontade de ouvir. De fazer. Ouvimos palavras de conforto, de possibilidades claras. Debatemos questões. Lançamos idéias. Agora cada um faz o trabalho de casa. Reunimos na próxima semana, creio. As coisas se acertam. Há planos da Fundação que ainda não posso revelar, por não ter autorização, mas se metade do que foi conversado se realizar, começaremos a recuperar vinte anos de escuridão. E eu confio em Nilson. É meu amigo. Não tocamos em nenhum momento em política, a não ser em política cultural. Nilson quer a volta dos artistas, não só do teatro, mas de todas as outras áreas aos corredores do Centur. E eu os estimulo a ir. É a nossa casa. E sei que serão recebidos, antes de tudo, por outro artista. Um grande artista. Um cara com uma trajetória exemplar. Vamos voltar ao Centur?
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