Meu amigo lusitano Diniz está
traduzindo para o francês meus dois primeiros romances, “Os Éguas” e “Moscow”,
lançamentos Boitempo Editorial. Temos trocado e-mails muito interessantes, por
conta de palavras e gírias comuns no meu Pará e absolutamente sem sentido para
ele. Às vezes é bem difícil explicar, como na cena em que alguém empina
papagaio e corta o adversário “no gasgo”. Não sei se no universo das pipas, lá
fora, ocorrem os mesmos e magníficos embates que se verificam aqui, com linhas
enceradas e manobras ousadas, “cortando e aparando” os adversários ou então,
maior habilidade, “dar no gasgo”.
Outra situação em que
personagens estão jogando uma “pelada” enquanto outros estão “na grade”. Quem
está na grade, aguarda o desfecho da partida, para jogar contra o vencedor,
certamente porque espera fora do campo, demarcado por uma grade. Vai explicar..
E aqueles dois bebedores
eméritos que “bebem de testa” até altas horas? Por aqui, beber de testa é quase
um embate para saber quem vai desistir primeiro, empilhando as grades de
cerveja ao lado da mesa.
O tradutor de “Hornet’s nest”,
Richard Bartlett, comprou dicionários de palavrão e dvds eróticos brasileiros,
para melhor entender. Richard é sul africano, mas aprendeu português em
Moçambique e agora mora em Londres.
Penso que é parte da nossa
criatividade, de nosso potencial, o uso das gírias, de palavras bem locais,
quase dialeto, que funcionam na melodia do nosso texto, uma qualidade da
literatura brasileira. Sei que o governo está fazendo esforço no sentido da
tradutores para lançamento no mercado europeu de vários autores. Agora na Feira
do Livro em Frankfurt, o Brasil é homenageado e muitos escritores lá estarão.
Quanto a mim, uso pouco, aqui e
ali, nossas palavras. Procuro ser econômico. Mesmo assim, vou respondendo aos
e-mails. Ele me diz que enfim, está tudo pronto. Agora é aguardar a publicação.
Quando souber o título para “Os Éguas”, aviso.
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