quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ávida Vida que segue

1. Como foi pensado e produzido o livro. Quanto tempo levou para ser concluído?
Há um ou dois anos atrás, lancei “O Tempo do Cabelo Crescer”, uma seleção feita entre os poemas dos livros “Navio dos Cabeludos”, “Rei do Congo”, “Surfando na Multidão” e “Incêndio nos Cabelos”. É porque fazia muito tempo que não lançava nada em poesia, acabei me dedicando a outros gêneros e com o livro, quis me reapresentar. Já o “Ávida Vida” reúne poemas que escrevi ao longo de uns cinco anos, muitos deles por provocação de meu irmão Janjo, a quem o trabalho é dedicado, autor de todas as capas dos meus livros. Ele me provoca com imagens feitas para toalhinhas do Roxy Bar e eu escrevo. Achei que era o momento de reunir essas obras e pensei em uma frase de Pirandello, que ouvi na peça “O Homem com a Flor na Boca”, encenada pelo Cacá Carvalho: a vida é tão ávida de si mesma que não se deixa saborear”. Então virou “Ávida Vida”, que tem tudo a ver comigo. Sou curioso e ávido por informação. Faço várias coisas ao mesmo tempo. Estou sempre cheio de projetos. E a vida é tão veloz, há tanta informação pipocando aqui e ali que fazem acelerar mais ainda minhas sinapses.
A capa do livro é autoria de meu irmão Janjo, mas a foto é do amigo Luiz Braga. Fiquei feliz em perceber que ele usou a mesma técnica de seus últimos trabalhos, a partir de night shot. Foi feita na Praça da República, lugar importante para mim, em um obelisco feito para homenagear Magalhães Barata em sua Interventoria, creio, em 1930. É um lugar bonito, muito abandonado, mas que nos últimos dias vem recebendo uma maquiagem da Prefeitura. E é foto de Luiz Braga, não é?

2. Faça uma breve descrição do livro.
A poesia é tão rica, tão vária, que me permite escrever. Li um escritor francês, jovem, dizendo algo maravilhoso: escrever é muito fácil. Por isso é tão difícil. Respeito muito os poetas que maturam anos e anos seus poemas, como ourives. Eles estudam, sabem as regras, e eu não sei nenhuma. Me tornei escritor por pura ousadia. Não sei bem se escrevo poemas. Quem sabe pequenas cenas teatrais com um vies poético? Como disse, é tão vária? O golpe poético nos atinge sem mais nem menos e emociona. Como abrir uma gaveta e encontrar pistolas adrianino, fazer a faísca e iluminar a noite de uma cidade cinza. Se são autobiográficos? Não sei, quem sabe? Às vezes. Um escritor escreve sobre o que vê, sobre o que quer dizer. Usa mascaras, personagens, mas às vezes usa mascara de seu próprio rosto. As palavras são navalhas.

3. Ele é distribuido por qual editora? Onde pode ser adquirido?
Não, este livro não é distribuído por ninguém. A poesia tem tido pouco mercado, pouco interesse. Acham chato, respeitável demais, difícil de entender. Queria que o poeta voltasse a ser como um cantor pop, identificado com o público. Queria excitar as pessoas, acertá-las com o golpe poético. Às vezes, um sorriso de canto de boca já me sacia. Como Haroldo Maranhão, sou como um cão hidrófobo que sai pelas ruas à procura de uma vítima, um leitor. Nesta terça, no Teatro Cuíra, onde será o lançamento, haverá no palco um microfone. Quem for até lá e ler um dos poemas do livro, o receberá gratuitamente. Quero que circule. Quero ser lido. Quero a poesia lida. O que sobrar, ainda vou pensar onde colocar à venda.

4. Fale sobre sua carreira como escritor.
Comecei escrevendo uma peça de teatro, “Foi Boto Sinhá”, com a ajuda do grande poeta José Maria Vilar Ferreira. Acho que venci a timidez de apresentar algo de minha autoria. Estava lendo os poetas marginais nos anos 70 e percebi que vinha escrevendo algo semelhante. Paes Loureiro, que fez a apresentação do meu primeiro livro, disse que eu trazia comigo a informação da música pop. Correto. Escrevi outros livros com poemas, duas fitas cassete, reuní meus textos de teatro, depois vieram romances, crônicas, contos e agora retomo a poesia. Com os romances, fui lançado nacionalmente. Um deles, “Casa de Caba”, foi traduzido e lançado na Inglaterra, com o título “Hornets’Nest”. Também participei de coletâneas nacionais e internacionais, estas, lançadas no Peru e no México. Tudo o que escrevo se passa em Belém, meu cenário, minha casa. Pretendo no ano que vem lançar mais um livro nacionalmente, “Selva Concreta, com short stories, episódios de uma fictícia série policial de televisão, claro, passada em Belém.

4. Quantos livros publicados (nome + ano)?
Não sou muito bom em datas.
Navio dos Cabeludos, poemas
Rei do Congo, poemas
Surfando na Multidão, poemas
Incêndio nos Cabelos, poemas
Os Éguas, romance, Boitempo Editora
O Teatro de Edyr Augusto, textos teatrais
Moscow, romance, Boitempo Editora
Crônicas da Cidade Morena 1, crônicas
Casa de Caba, romance, Boitempo Editora
Crônicas da Cidade Morena 2, crônicas
Um sol para cada um, contos, Boitempo Editora
O Tempo do cabelo crescer, coletânea de poemas
Ávida Vida, poemas

4 comentários:

Érika disse...

Olá, não sei se entendi bem,o livro vai ser lançado na próxima terça, dia 13/12/2011? É só ler um poema?

Edyr Augusto Proença disse...

Sim. Basta ler um poema ao microfone para ganhar.

RETALHOS disse...

Também tenho interesse, que horas começará?

Edyr Augusto Proença disse...

Às sete da noite de hoje, terça feira, no Teatro Cuíra.