É
o que dizemos, aqui no Pará. O resto de outubro, novembro e dezembro vai num
piscar de olhos. O comércio já esta “dressado” de Natal, e os papais noel,
contratados, já já estarão sob aquele traje pesado, vermelho, o gorro, a barba,
distraindo crianças, cada vez menores, pois poucas ainda acreditam no “bom
velhinho”. Apesar da turma do tempo garantir que as chuvas só chegam em
janeiro, as tardes têm sido gris ou com chuva. Um ambiente natalino, para nós
que não temos neve. Comecei a usar, após muito tempo, esses fones de ouvido
para ouvir música, na rua. Sempre tive implicância. Parecem não se acomodar nas
minhas orelhas, causando desconforto. Esses agora estão bem melhores. E o som,
uma maravilha. Se já é inverno, se está gris e faltam poucos dias para 2018,
ouço Beatles, uma lembrança forte dos dias de infância e pré adolescência
quando, de férias escolares, passávamos as tardes de chuva ouvindo os caras de
Liverpool. Uma sensação maravilhosa, essa que a música nos apresenta, trazendo
de volta sentimentos tão puros. Caminho pelas ruas, até meu trabalho, na hora
do almoço, até o restaurante e o som que ouço é “hold me tight, let me be the
only one”, cantada por Paul McCartney. Antes, estive com meu neto, brincando de
carrinhos. Gosto de provocar as crianças, sua imaginação. O meu era uma moto,
dessas com o carrinho de passageiro ao lado. O dele, DJ, com som atrás,
felizmente sem funcionar, claro. Fiz de conta que o piloto da moto era ele e o
passageiro, seu primo. Vozes diferentes, passeios, corridas, festas onde ele,
como DJ tocava guitarra e piano. E ria, deliciado, quando o passageiro (seu
primo), caía no chão. “Levanta, cara”, “ele”, dizia ao primo. E ria. Será que
um dia lembrará disso? O fato é que sou apaixonado pelo Natal. Pelo clima,
pelas lembranças de família, a reunião com os irmãos, a distribuição dos
presentes. Já contei que acordei meu irmão menor de madrugada e ficamos
escondidos para mostrar a ele que eram papai e mamãe a deixar os presentes. Já
era a curiosidade que marca minha personalidade, falando alto. Do Papai Noel
que “descia de helicoptero” no alto do edifício e ia descendo, para deleite da
garotada, na Presidente Vargas, em ação da loja Salevy, do Tio Samuca. Em cada
andar, tomava um drink. O mais velho veio dizer, porque nós nos escondemos, com
medo, que Noel conhecia nosso pai. Pior, Papai Noel bebe! Ou da vez em que
troquei meu “papafilas” maravilhoso com o filho do caseiro, que me deu um
caminhão artesanal, em lata de querosene, com rodas de tampinhas de
refrigerante. Ah, meu pai e minha mãe! Ainda armo árvore de natal, embora passe
o dia e a noite na rua. Acho que representa a árvore da vida, luzes piscando,
enfeites, a árvore-família, uma história, um percurso gravado em minha alma, de
um tempo feliz. Hoje as pessoas parecem muito ocupadas. As crianças, também.
Nem ligo para quem diz que Natal virou consumo. Gosto de dar presentes. Me faz
bem. Mas não esqueço o Dono da festa. O significado da nova vida, do recomeço e
de seus ensinamentos. Sim, sou mais cristão do que católico, o que é bem
difícil. E gosto do Natal. À medida em que os anos passam, ficamos mais velhos,
filhos adultos, cada um com sua comemoração e sinceramente, ao final, mesmo
emocionado com as lembranças, sinto saudade daqueles tempos. É como se tivesse
o meu natal pessoal, a festa dentro do meu coração. Nós parecemos ter
dificuldade em ser felizes, mostrar felicidade, nos dias de hoje. Saí hoje de
casa, olhei para o prédio, lembrei do Noel descendo, lembrei de mim. Eu e as
minhas lembranças de datas felizes. E segui, falando com meus amigos da rua,
ouvindo “I wanna hold your hand”, murmurando e acertando o passo no ritmo.
Gente, depois do Círio, o ano acabou!
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