sexta-feira, 29 de abril de 2016

CUÍRA APRESENTA "AUTO DO CORAÇÃO"

O Teatro e suas milhões de formas de se mostrar. O Teatro vive! Torce por dias melhores, mas vive e ninguém consegue segurar a emoção, a mágica que se verifica, no momento em que um ator diz seu texto, ou meramente, atua. Na próxima semana, estará de volta às ruas da cidade, o espetáculo “Auto do Coração, do Grupo Cuíra. Sim, de volta às ruas! Premiado pela Funarte com o “Myriam Muniz, o grupo, que fechou, por falta de apoio seu teatro com cem lugares e atualmente já está funcionando na Cidade Velha, Dr. Malcher, resolveu ir para as ruas. Seis das melhores atrizes da cidade, Sonia Alão, Sandra Perlin, Wlad Lima (que também dirige), Zê Charone, Olinda Charone e Leila Barreto resolveram falar do Amor, cada uma com sua dramatização. No meio do processo vieram Renato Torres e sua música, Patrícia Gondim com iluminação e cenário e outros participantes, todos eles movidos pelo Amor ao Teatro. E foi tanto Amor que surgiu a magnífica idéia de apresentar o espetáculo dentro de um ônibus, rodando pelas ruas da cidade. Inusitado, diferente, interessante. E não um ônibus especial, com ar condicionado, nada disso. Um coletivo comum, com seu tempo de uso, que foi totalmente “dressado”. “Auto do Coração” estreou ano passado e quem participou ficou encantado. A saída é ao lado do Teatro da Paz, esse monstro criado pelo Sectário de Cultura, onde os atores paraenses não conseguem se apresentar. São poucos ingressos, claro, a lotação do busão. Ele sai e entra no ar a rádio do coração, tocada por Renato Torres. Então, alguém faz sinal e o ônibus para e recolhe um passageiro. Não um passageiro comum, mas a primeira atriz que vem contar seu texto, passar suas emoções. E assim segue o percurso. O que posso dizer é que me perdi. Tentei olhar para fora e já não sabia em que lugar de Belém estávamos. O ônibus funciona como uma bolha, um casulo onde mergulhamos no Teatro, no maravilhoso Teatro, a mágica da encenação, luzes, cores, cenário e música. Muitas vezes o ônibus emparelha com outros e os passageiros ficam intrigados, interessados. Outra vez, Zê Charone, vestindo seu personagem, bate na lataria do ônibus, apreensiva. Pessoas que passavam ou esperavam ônibus também se estressaram. Fiquem tranquilos, é somente Teatro. Somente? Quando retornam ao local de partida, estão todos transformados. Assistiram seis grandes atrizes em grandes momentos. Participaram de uma iniciativa corajosa, audaciosa, mais uma, do Cuíra, ignorando todos os gigantescos obstáculos colocados para eliminar o Teatro do dia a dia das pessoas, e que, a bordo de um ônibus, engrandecem a Cultura do Pará. Sonia Alão lembra o primeiro amor, vestida com uniforme do IEP. Wlad Lima fala do amor que não revela como um náufrago procurando uma corda para voltar à tona. Leila Barreto não quer mais fugir dos relacionamentos e procura amor maduro. Olinda Charone chora por uma separação muito dura de viver. Zê Charone faz todas as mulheres que apanham de seus maridos e Sandra Perlin, depois de levar chute dos amores que a achavam “esquisita”, encontra seu lugar no Teatro. E tem a música de Renato Torres, a iluminação de Patrícia Gondim e uma equipe fantástica, com muitos jovens, que se juntaram ao Cuíra para prosseguir no sonho. Eu os convido a assistir.

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