sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

PAPAI NOEL BEBE!

Eu gosto do Natal. Gosto do tempo nublado, de Papai Noel, troca de presentes, árvore. Gosto de reunir a família. Gosto de dar presentes. Na minha casa o Natal sempre foi festivo. Acreditei em Papai Noel por pouco tempo, mas sua figura até hoje me emociona. Lembro quando a magia do “bom velhinho” acabou. No térreo do prédio em que morava, havia uma loja, Salevy, de Samuca Levy, a quem chamava de tio. Um arremedo do que hoje se chama shopping center. Colocava algumas barracas na calçada, uma feirinha, na semana que antecedia a festa. Em certo dia, Papai Noel chegava no Renascença e vinha descendo, andar por andar, cumprimentando os moradores e da sacada, jogava bombons para a multidão que desde cedo ocupava a rua. Diziam que ele chegava de helicóptero, mas na verdade, desde cedo “Buraco” ia até o último andar onde vestia o traje e iniciava a descida. Era Manoel Gaspar, um senhor que ganhava a vida com  propaganda volante, de muita história. Longe de ficar feliz com a visita à minha casa, do Papai Noel, ficava em pânico, por conta de sua importância, a partir de causos e histórias contadas por minha mãe. Eu, meus irmãos e primos, aterrorizados, nos escondíamos atrás de qualquer sofá. E finalmente ele chegou. O irmão mais velho era nosso repórter. Sua primeira manchete foi: “o Papai Noel conhece o papai”. Como assim? Eu o ouvi falar “Edyr, como vai, amigo”. Ficamos debatendo a notícia e lá vem o Edgar novamente e conta que Papai Noel chama nome feio! Como assim? “Eu o ouvi dizendo “porra, Edyr, essa roupa é muito quente!”. Isso era natural, porque o velhinho vinha do Pólo Norte. Lá vem o Edgar novamente e diz: ”Papai Noel bebe!”. Que absurdo! Como, assim. O papai ofereceu e ele aceitou um copo de whisky. Para ser sincero, Buraco, até chegar ao térreo e fazer a festa das crianças, tomava uns goles em cada apartamento e até lá embaixo, já estava “calibrado”.
Em nome do Natal, também realizei trocas surpreendentes. Pedi e ganhei um “Papa Filas”, na época, um ônibus maior que os outros, puxado a reboque. Era domingo, e a família foi para o Lago Azul. Chegando, saí logo a desfilar pelas ruas de terra, com meu garboso Papa Filas. Mais tarde, quando cheguei, uma gritaria. Ao invés do Papa Filas, eu trazia, puxado por um fio, um caminhão artesanal, feito a partir de latas de óleo de cozinha, habilmente formatadas, e tampas de refrigerante como rodas. É que no caminho, encontrei Cícero, filho do caseiro, que veio brincar, trazendo seu presente de natal. Olhei e fiquei fascinado. Aquele brinquedo artesanal me pareceu mais bonito, criativo, moderno, do que meu Papa Filas. A meus olhos, o caminhão de Cícero era sensacional.

Algum tempo depois, fui culpado de revelar ao meu irmão mais novo a mentira do Noel. Nossos pais nos deixaram dormindo e foram buscar os presentes para colocar ao pé da árvore. Fomos, os dois, sorrateiramente e nos escondemos atrás de móveis da sala. Meus pais arrumaram os presentes e saíram. Acabou-se um sonho. Eu gosto do Natal. Fico feliz, comovido e como cristão, sei perfeitamente separar a troca de presentes com o significado da data. Lembro do meu pai que adorava a festa, ligava aos amigos, dava presentes e a nós, apresentava um envelope contendo alguns trocados. Ele me faz muita falta. Ainda temos nossa mãe conosco, felizmente. Neste Natal, espero estar junto, novamente, com minha família e a felicidade. Feliz Natal a todos.

Nenhum comentário: